Bogotá encontra urânio ''buscado pelas Farc''

Segundo Ministério da Defesa, total de material exaurido localizado perto da capital pode passar de 30 quilos

PUBLICIDADE

Por AP , REUTERS e EFE E AFP
Atualização:

O Ministério da Defesa da Colômbia anunciou ontem ter encontrado, nos arredores de Bogotá, pelo menos 30 quilos de "urânio empobrecido" (exaurido). O ministério indicou inicialmente que o urânio pertenceria ao grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mais tarde, porém, o comandante das Forças Armadas, general Freddy Padilla, afirmou que a guerrilha não chegou a comprá-lo. "As Farc estavam tentando consegui-lo desde 2005", disse Padilla, citando um arquivo encontrado num computador de Raúl Reyes, que era o número 2 da guerrilha e foi morto no dia 1º num ataque colombiano em território equatoriano. No comunicado divulgado inicialmente, o ministério afirmou: "No dia 20, informantes entregaram à inteligência militar uma amostra de urânio que, segundo informação contida nos computadores de Reyes, havia sido adquirido pelas Farc. A amostra foi enviada aos especialistas do Ingeominas (Instituto Colombiano de Geologia e Mineração) e na terça-feira se confirmou que se tratava de urânio empobrecido." Segundo o comunicado, o urânio foi localizado ontem em Pasquilla, perto da estrada para San Juan de Sumapaz, ao sul de Bogotá. "As diversas entidades do Estado estão no local extraindo todo o conteúdo, que segundo os informantes poderia ser de mais de 30 quilos." Padilla disse que os dois informantes que deram a localização do urânio "eram pessoas próximas a Belisário, que aparece relacionado no computador de Reyes como o contato encarregado de conseguir o material radioativo". Ele afirmou que os informantes serão recompensados. O urânio exaurido é um resíduo metálico do urânio natural, que sobra após o processo de refinamento para retirada da parte mais radioativa - esta, enriquecida, é a que pode ser usada na fabricação de armas nucleares. O resíduo tem baixa radioatividade, mas é bastante pesado e resistente. Por isso, seu uso militar mais comum é transformá-lo em projéteis que atravessam com facilidade alvos blindados e paredes de concreto. O urânio exaurido foi usado, por exemplo, por forças dos EUA na primeira Guerra do Golfo, em 1991. Há três semanas, o diretor da polícia colombiana, general Óscar Naranjo, afirmou que as Farc compraram 50 quilos de urânio empobrecido no mercado negro internacional, citando registros do computador de Reyes. Na ocasião, Naranjo disse que, com a compra, as Farc estariam dando "passos fundamentais no mundo terrorista, para tornar-se um grande agressor internacional". Mas o vice-presidente Francisco Santos disse não haver provas de que as Farc pretendessem fazer a chamada "bomba suja", que combina explosivos com material radioativo. Num comunicado divulgado no dia 19, as Farc negaram estar manuseando urânio, alegando que não têm recursos tecnológicos para isso. "Só países desenvolvidos, como os EUA e outros, têm as condições e a tecnologia necessárias para processar urânio", afirmou o grupo rebelde.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.