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Bolívar valorizado afeta preço de carros

Por RORY CARROL
Atualização:

Na Venezuela, o preço dos carros usados está superando o dos novos. Uma lógica de mercado singular reverteu o princípio de que o valor de um veículo cai quando ele fica velho, deixando revendedores satisfeitos e compradores, importadores e fabricantes desconcertados. Nos últimos anos, a produção automotiva doméstica caiu drasticamente e o governo socialista reduziu as importações de carros novos. As vendas caíram 61,5% este ano. Mas por um problema de oferta. A demanda continua alta.Apesar dos pedidos de austeridade do presidente Hugo Chávez, os venezuelanos são consumidores ávidos. Eles têm um antigo caso de amor com os carros - até porque o combustível subsidiado é mais barato que água. Além disso, os carros hoje são uma garantia contra a inflação (que foi de 32% em 2008). A Venezuela não tem nenhuma marca nacional de carros, mas abriga montadoras da Ford, GM, Hyundai e Toyota. Até recentemente, essa indústria estava no auge. As receitas recordes do petróleo alimentavam uma ânsia de consumo que, em cinco anos, dobrou o número de carros nas estradas. Recentemente, para estimular as montadoras, o governo reduziu as licenças de importação de carros de luxo e veículos de médio porte. Mas, em vez de se expandir, as fábricas atrofiaram, produzindo 8% menos este ano. Isso porque elas não conseguem pagar fornecedoras estrangeiras com o bolívar valorizado artificialmente e a dificuldade para se conseguir dólares. A falta de oferta de divisas deixou as fabricantes devendo cerca de US$ 2 bilhões para os credores. A GM, que responde por mais da metade da produção doméstica, informou que fechará suas linhas de montagem no próximo mês, pois não consegue cumprir com os contratos. As disputas trabalhistas também obrigaram a Mitsubishi e a Toyota a fechar fábricas. Segundo o Guia do Motor, uma publicação dirigida para a indústria automotiva, 140 mil empregos podem ser perdidos. O governo diz que uma joint venture com o Irã, a Verinauto, impulsionará a oferta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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