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Bolívia expulsará brasileiros donos de terras ilegais

Decisão foi anunciada depois da aprovação de um projeto de lei de reforma agrária pela Câmara; entre 30 e 40 fazendeiros brasileiros possuem terras ilegais

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre 30 e 40 fazendeiros brasileiros que possuem terras ilegais na Bolívia serão desalojados de suas posses, afirmou nesta sexta-feira o vice-ministro de Terras do país, Alejandro Almaraz, em entrevista coletiva com correspondentes. Almaraz disse que empresários brasileiros dedicados à agricultura ou à exploração da floresta possuem grandes extensões de terras nos departamentos (estados) de Pando, no norte, e em Santa Cruz, no leste, ambos fronteiriços com o Brasil. Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados boliviana aprovou um projeto de lei de reforma agrária que prevê a recuperação de terras consideradas improdutivas e sua distribuição para camponeses pobres. Sem votos suficientes no Senado para aprovar a lei, o presidente da Bolívia, Evo Morales, advertiu que "o povo se levantará" se a oposição bloquear a medida. "Não haverá acordos com os latifundiários", acrescentou, depois de denunciar "algumas famílias de Santa Cruz (a província mais próspera do país) e dos departamentos amazônicos de Beni e Pando que não querem entender a nova política agrária". A Constituição boliviana não permite que estrangeiros possuam terras numa faixa de 50 quilômetros após a fronteira. Dois brasileiros já foram identificados em Pando. Um deles, Milton José Soder, foi desalojado em setembro. Já no departamento de Santa Cruz, entre 30 e 40 brasileiros trabalham de forma ilegal nas províncias fronteiriças de Sandoval e German Bush, desmatando a floresta para produzir carvão. Segundo o vice-ministro, o governo está recorrendo à persuasão para que os brasileiros saiam dentro dos prazos, mas não descartou usar a polícia ou o Exército se necessário. Por outro lado, outro grupo de brasileiros, que formou famílias com bolivianas, receberá proteção e amparo segundo as leis locais. Um terceiro grupo formado por camponeses pobres, também explorado por brasileiros, receberá um plano de assistência e capacitação em oficinas artesanais ou de microempresas antes de sua retirada, explicou o vice-ministro boliviano.

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