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Bolívia frustra suposto plano contra Evo

Dois estrangeiros e um boliviano foram mortos; ?mercenários? teriam recebido polícia com granada e a tiros

Por João Paulo Charleaux , com REUTERS , AP e EFE
Atualização:

A polícia boliviana desarticulou ontem o que chamou de um complô de "mercenários internacionais" para matar o presidente da Bolívia, Evo Morales, e seu vice, Álvaro García Linera. A ação, no Departamento (Estado) de Santa Cruz, terminou com três suspeitos mortos e dois detidos, além de uma grande quantidade de armas e explosivos apreendida. Os mortos foram identificados como o romeno Mayarosi Ariad, o irlandês Duayer Michel Martin e o boliviano Eduardo Roszá Flores, que lutou nos Bálcãs e se converteu ao islamismo. Os presos são o boliviano-croata Mario Tadic e o húngaro Elot Toazo, que foram levados a La Paz. Segundo as autoridades, o grupo criminoso vinha monitorando, havia dias, as aparições públicas de Evo para planejar o atentado. "Os documentos (encontrados na operação) falam dos preparativos de um atentado contra o presidente e o vice-presidente da república", disse García Linera. Evo, que está na Venezuela, onde participa da reunião da Alternativa Bolivariana das Américas (Alba), acusou a oposição de estar por trás do complô. "No ano passado, a direita tentou me depor com o voto do povo no referendo revogatório, mas fracassou. Depois, tentou um golpe de Estado civil, mas fracassou. Agora, estão planejando nos crivar (de balas), mas estão fracassando." A suspeita de um complô foi recebida com desconfiança pela oposição. O governador de Santa Cruz, Rubén Costas, disse que tudo não passou de "um show montado para desestabilizar" a oposição e lembrou que ação ocorreu dois dias após Evo ter anunciado sua candidatura às eleições de dezembro. O cientista político boliviano Gonzalo Chávez disse ao Estado que governo e oposição estão tirando conclusões precipitadas. Para ele, "está claro que algo novo e grave aconteceu na Bolívia, mas ainda não é possível fazer um vínculo com movimentos de direita, ou até mesmo com o narcotráfico". EXPLOSÃO A operação policial ocorreu pela manhã, no hotel onde os estrangeiros estavam hospedados, no centro de Santa Cruz. A polícia havia ido ao local à procura dos autores do atentado sem vítimas lançado na madrugada anterior contra a residência do cardeal Julio Terrazas, autoridade máxima da Igreja Católica na Bolívia. Ao entrar no hotel, os policiais - membros de uma equipe de elite trazida de La Paz para Santa Cruz - foram recebidos a tiros pelos criminosos, que também detonaram uma granada num dos quartos. Em outra busca, a polícia encontrou armas e explosivos num estande da Feira de Exposições de Santa Cruz. Segundo o comandante-geral da polícia, Victor Hugo Escobar, o achado "faz presumir que o grupo tinha outros alvos". No estande, foram apreendidos fuzis com mira telescópica e explosivos "de um tipo que não existe na Bolívia", segundo García Linera. O local pertence à Cooperativa Telefônica Crucenha, que, segundo o governo, está por trás das campanhas autonomistas das regiões opositoras.

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