Bolivia rejeita pedido da oposição; cresce greve de fome

Já são 1.883 pessoas em greve de fome, entre eles governadores da oposição

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo da Bolívia rejeitou nesta quinta-feira o pedido de convocar uma cúpula política, apresentado pelo principal líder da oposição, o ex-presidente Jorge Quiroga, enquanto a greve de fome por mudanças na Assembléia Constituinte recebe mais adesões. A recusa de uma reunião das forças políticas foi anunciada pelo presidente do Senado, Santos Ramírez, menos de quatro horas depois de Quiroga, líder da aliança conservadora Poder Democrático e Social (Podemos), enviar uma carta com o pedido ao presidente Evo Morales. "Não podemos negociar os interesses da Pátria com uma oposição irresponsável", disse Ramírez, em entrevista coletiva. A resposta do Governo socialista de Morales foi dada uma hora depois de o vice-presidente, Álvaro García Linera, concluir um encontro com os líderes parlamentares da oposição, para tentar encontrar uma solução. García Linera disse que o diálogo não deu resultado porque a Podemos se negou a suspender o protesto de seus 15 senadores, que fazem greve de fome no Parlamento desde terça-feira. O vice-presidente quer que o Senado seja liberado para a sessão de escolha dos membros da Corte Suprema de Justiça e do Tribunal Constitucional. Ele fixou um prazo até as 10h (12h de Brasília) de sexta-feira para que os senadores da oposição abandonem a greve de fome. O líder da Podemos pediu a Evo Morales uma "cúpula interna" dos partidos para discutir temas como o respeito à democracia e o cumprimento da lei de convocação da Constituinte. Quiroga, em sua carta, disse que "a polarização, o insulto, as agressões, as ameaças e a negligência com a segurança de manifestantes pacíficos se transformaram num lamentável cenário de desagregação cotidiana". Ele criticou os incidentes violentos desta semana, em que simpatizantes do gverno enfrentaram um grupo de grevistas, e a detenção do governador do departamento de La Paz, José Luis Paredes. A onda de protestos cresceu nesta quinta-feira, segundo relatórios da União Nacional (UN) e dos comitês cívicos dos departamentos de Santa Cruz, Pando, Tarija e Beni. São 1.883 pessoas em greve de fome, entre eles os governadores e os líderes cívicos dos distritos. Entre eles estão os 13 senadores titulares e dois suplentes da Podemos. Mas os 25 deputados da aliança não aderiram ao protesto. Na cidade de Santa Cruz, manifestantes ocuparam os escritórios do Serviço de Impostos Internos, mas depois atenderam a um pedido de legisladores da região e abandonaram o local. A cidade também foi palco de uma manifestação de apoio à reivindicação de que a Assembléia Constituinte funcione com o método de voto dos dois terços e não o de maioria simples imposto pelo partido governista. A direção da Assembléia e os líderes dos partidos decidiram retomar as sessões, que estão suspensas há nove dias, na próxima segunda-feira.

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