10 de dezembro de 2019 | 17h12
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, 10, que espera que a Argentina "dê certo" com seu novo presidente, Alberto Fernández, com quem mantém uma forte disputa ideológica.
"Estou torcendo para que a Argentina dê certo. Se bem que os números dizem que vão ter mais dificuldade do que nós", disse Bolsonaro, depois de deixar sua residência oficial em Brasília.
Alberto Fernández quer fortalecer Mercosul e construir relações com Brasil além da ideologia
O presidente disse ainda que o partido do ex-presidente argentino Mauricio Macri, a quem ele apoiou na campanha eleitoral, conseguiu uma "grande bancada" no Congresso e, portanto, o governo de centro-esquerda de Fernández "terá problemas para impor sua política".
Bolsonaro não parabenizou Fernández após sua vitória eleitoral em outubro e alertou desde o início que não compareceria à sua posse, e que o Brasil enviaria apenas um ministro ou o embaixador em Buenos Aires.
Mas, no último minuto, ele decidiu enviar o vice-presidente Hamilton Mourão "para avaliar o relacionamento com a Argentina, especialmente em aspectos comerciais", disse o porta-voz presidencial na segunda-feira.
"Não queremos brigar com ninguém, queremos fazer comércio com o mundo todo. Não queremos brigar com a Argentina", disse o próprio Bolsonaro nesta terça.
Ele negou que tenha sido um "recuo" do governo enviar Mourão. Questionado sobre a mudança de decisão, Bolsonaro disse: "(Foi) porque eu decidi". "Vocês falam em recuo o tempo todo, como se o governo que dá cabeçada por aí. O recuo... às vezes você toma uma decisão antes de acontecer, né", disse Bolsonaro.
O presidente comparou o caso a um jogo de futebol: "Você vê técnico de futebol, muitas vezes o cara tá ali para entrar em campo, o cara se machuca, não é que errou, aconteceu um imprevisto. E na política tem imprevisto a todo momento".
Falando ao jornal O Globo, em Buenos Aires, Mourão disse que os dois países "precisam se ajudar". E explicou a interdependência entre Brasil e Argentina, afirmando que muitos dos objetivos econômicos do governo brasileiro não poderão ser alcançados este ano, devido à "crise que a Argentina está passando".
A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil e o primeiro importador de produtos industriais brasileiros. O Brasil, por outro lado, é o principal parceiro comercial da Argentina. / com AFP
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