Bolsonaro promete ajudar presidente do Paraguai em crise sobre Itaipu

'Pode deixar que o Marito (Abdo) vai ser reconhecido pelo bom trabalho que está fazendo no Paraguai', diz presidente

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA  - O presidente Jair Bolsonaro prometeu nesta quarta-feira, 31, ajudar o governo do Paraguai a superar a crise política provocada por um acordo assinado com o Brasil para o fornecimento de energia elétrica na Usina de Itaipu.

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Bolsonaro destacou o bom relacionamento que tem com o presidente Mario Abdo Benítez e prometeu "fazer justiça" no caso. Segundo o presidente, o governo brasileiro está "resolvendo" a rusga gerada pela contratação da potência da Usina de Itaipu.

"Nosso relacionamento com o Paraguai é excepcional, excelente. E estamos dispostos a fazer justiça nesta questão de Itaipu Binacional que lá é importantíssimo para o Paraguai e muito importante para nós também", disse.

O presidente também disse que outros países têm procurado o Brasil para eventuais acordos Foto: Adriano Machado/Reuters

Um acerto entre os dois países, em maio, colocou o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, aliado de Bolsonaro, sob risco de impeachment. "Você sabe como é que funciona, lá é muito rápido o impeachment", avaliou Bolsonaro.

A declaração do presidente é uma referência ao processo que culminou no afastamento do presidente Fernando Lugo, em 2012, e na crise política que atingiu o final do governo de Horacio Cartes, em 2017.

Questionado por jornalistas se o Brasil vai ceder em relação ao acordo para ajudar Abdo Benítez, Bolsonaro negou. "Não é questão de ceder. Qual o acordo lá atrás, não é meio a meio? A princípio é por ai. Algumas pequenas derivações, a gente acerta aí", declarou após cerimônia para troca da guarda presidencial, no Palácio do Planalto. Bolsonaro contou que conversou ontem com o diretor-geral de Itaipu, general Silva e Luna, sobre o tema. "Estamos resolvendo este assunto. Pode deixar que, com toda a certeza, o Marito vai ser reconhecido pelo bom trabalho que está fazendo no Paraguai."

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez (2º à esq.) ao lado do novo chanceler Antonio Rivas; crise por contrato de Itaipu já derrubou 5 funcionários do alto escalão Foto: REUTERS/Jorge Adorno

O Senado do Paraguai aprovou na segunda-feira, 29, uma medida que rejeita o acordo assinado pelo governo do presidente Mario Abdo Benítez sobre a venda do excedente de energia produzida pela usina de Itaipu para a Eletrobras. Benítez estava sob ameaça de impeachment depois que o contrato veio a público na semana passada. 

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A crise aberta pela assinatura, em 24 de maio, do acordo entre os dois governos também resultou na renúncia do chanceler paraguaio, Luis Alberto Castiglioni, do embaixador do país no Brasil, Hugo Saguier, e do presidente da Ande, Alcides Jiménez.

Governo Benítez tem quinta baixa em uma semana

Mais cedo, em Assunção, a secretária de Prevenção de Lavagem de Dinheiro ou Bens do Paraguai(Seprelad), María Epifania González, renunciou ao cargo nesta quarta-feira, 31, o que representa o quinto pedido de demissão de um ocupante de um posto de alto escalão no país na mesma semana, em consequência da crise envolvendo Itaipu. 

María Epifania renunciou após ser divulgada pela imprensa paraguaia a notícia de que seu filho, José Rodríguez González, teria interferido em uma reunião com empresários brasileiros para que fosse retirado do acordo uma cláusula que dizia que o Paraguai poderia comercializar livremente sua energia excedente. Com isso, segundo opositores do governo do presidente Mario Abdo Benítez, teria agido contra os interesses nacionais.

Governo brasileiro se reunirá com paraguaios

O governo brasileiro aceitará o pedido de reunião feito pelos paraguaios para tratar de Itaipu. O encontro será realizado em Brasília, provavelmente amanhã, com representantes da chancelaria dos dois países, entre eles o vice-chanceler do Paraguai, Antonio Riva Palacios.

A decisão foi tomada na terça-feira, 30,  presidente Jair Bolsonaro, que recebeu os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o diretor-geral da usina, general Silva e Luna.

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