DAVOS - O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, se alinhou com o grupo anti-imigração da Europa e afirmou compartilhar das mesmas opiniões de governos de extrema direita do Leste Europeu. No último dia de viagem do brasileiro a Davos, ele recebeu líderes de países que têm causado polêmica por rejeitar a entrada de estrangeiros em seus territórios.
Depois de uma reunião com o brasileiro, o primeiro-ministro da República Checa, Andrej Babis, insistiu que ele e Bolsonaro “compartilham das mesmas ideias sobre imigração”. Na Europa, Babis tem sido alvo de duros ataques por sua posição, considerada até mesmo xenófoba por parte da União Europeia (UE) e de outros líderes.
Ele é um dos líderes do Grupo de Visegrad (V4), formado por Polônia, Hungria e Eslováquia, além da República Checa. O bloco tem se oposto a qualquer abertura para receber estrangeiros, incluindo refugiados sírios.
Segundo Babis, Bolsonaro é da mesma opinião e quer o brasileiro na cúpula do grupo, no segundo semestre do ano, em Praga. “Trocamos impressões sobre migração e temos a mesma opinião. No V4, em especial eu e Viktor Orbán (chefe de- overno húngaro), estamos lutando na Europa contra a imigração ilegal”, disse.
“Não é possível que os contrabandistas decidam quem entra na Europa. Temos a menor taxa de desemprego. Todos os que vêm à República Checa para trabalhar ou estudar têm uma autorização prévia para fazer isso. Todos os que chegam ilegalmente à Europa temos que recusar”, afirmou.
“Não é possível dizer que agora nós vamos salvar o planeta e que todos podem vir à Europa. Temos que dizer a essas pessoas que, na maioria das vezes, vêm da África... Temos que ajudar essas pessoas em seus respectivos países. Investir em educação e estamos fazendo isso”, justificou Babis. Segundo ele, a Europa já tem seus problemas, como o Brexit, a relação com os EUA e as sanções contra a Rússia.
Para ele, portanto, o grupo e o Brasil podem cooperar no Conselho de Segurança da ONU ou em outros fóruns, e sobre imigração.
Em nota à imprensa, o Planalto confirmou a intenção de os dois países se aproximarem em relação ao tema. "Os dois líderes concordaram em ter um maior controle sobre as regras de imigração para respeitar as particularidades de cada País". Bolsonaro classificou sua ida a Davos de "essencial para mostrar ao mundo que o País está mudando".
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, também se reuniu com o brasileiro e indicou que acredita que Bolsonaro compartilhe os “mesmos valores” de seu governo. Duda é criticado duramente pela UE por violações no quase refere à separação de Poderes e criou polemica ao aprovar uma lei em que passa a ser proibido dizer que houve cumplicidade da Polônia durante o Holocausto.
Segundo ele, há um interesse por parte de Varsóvia por uma ampliação do comércio com o Brasil e um acordo para evitar bitributação. Os outros europeus também sinalizaram que querem ampliar o comércio com o País, em especial no setor de defesa.
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