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Bolsonaro volta a atacar candidato de Cristina Kirchner

Presidente diz que vitória da chapa liderada por Alberto Fernández pode fazer argentinos correrem aos bancos para sacar dinheiro; kirchnerista diz que discussão é tonta: ‘se pensa que vou fechar a economia, fique tranquilo, não vou’

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Por Redação
Atualização:

BUENOS AIRES - O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer comentários sobre o processo sucessório na Argentina neste domingo, 18, dizendo que o “retorno da turma do Foro de São Paulo na Argentina” está deixando o país cada vez mais populista e parecido com a Venezuela.

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Segundo o presidente brasileiro, se a chapa liderada por Alberto Fernández e que conta com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice vencer, “o povo saca, em massa, seu dinheiro dos bancos”.

A manifestação, ocorrida por meio de sua conta no Twitter, também teve um complemento bíblico: “Provérbios 28:19: Quem lavra sua terra terá comida com fartura, quem persegue fantasias se fartará de miséria”.

Jair Bolsonarodurante cerimônia de entrega de Espadins aos Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Pouco tempo após Bolsonaro postar o comentário em seu perfil no Twitter, um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), compartilhou o post com a seguinte afirmação: “Nós que estamos aqui de fora olhando o que está acontecendo com a Argentina nem acreditamos. Mas ainda creio que a Argentina não naufragará em outubro”, disse o deputado.

No dia 11, o atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, foi derrotado nas eleições primárias com mais de 15 pontos de vantagem obtidos pelo candidato peronista Alberto Fernández, que tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner. As eleições prévias na Argentina servem para definir chapas presidenciais e eliminar candidatos com menos de 1,5% dos votos. A eleição está programada para ocorrer em 27 de outubro.

Cristina Kirchner e Alberto Fernández conversam durante evento na Casa Rosada em 2008 Foto: REUTERS/Marcos Brindicci

Desde a divulgação dos resultados, Bolsonaro tem feito comentários frequentes sobre a Argentina, atacando o candidato kirchnerista. Ainda hoje, em breve pronunciamento, em solenidade na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Rio de Janeiro, voltou a falar no processo sucessório do país vizinho. “Pedimos a Deus que a Argentina saiba proceder através do povo para não retroceder”, disse. 

Resposta

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Em entrevista aos dois principais jornais argentinos, o Clarín e o La Nación, Fernández não respondeu diretamente ao presidente brasileiro, mas deixou um recado nas entrelinhas.

“Bolsonaro começou um debate em que eu caí, e eu nunca deveria ter caído. Porque me incomoda o jeito e a arrogância com que ele fala, entre outras coisas. Mas a verdade é que o Brasil é muito mais importante que o Bolsonaro”, disse Fernández ao Clarín.

“A verdade é que eu não quero falar sobre Bolsonaro nem sobre Trump. Donald Trump é um presidente do primeiro poder do mundo. Você tem de se dar bem com esse poder, tem de ter um relacionamento maduro. Bolsonaro e Trump foram os presidentes que os brasileiros e os americanos escolheram, ponto final. Não tenho mais nada a dizer sobre isso, tenho de lidar com eles. E de uma maneira que defenda os interesses da Argentina.”

Já em uma tentativa de aliviar as tensões com Bolsonaro, o candidato kirchnerista buscou tranquilizar o presidente brasileiro em relação às políticas econômicas de sua eventual administração. “Para mim, o Mercosul é um lugar central. E o Brasil é o nosso principal parceiro e vai continuar a ser. Se Bolsonaro pensa que vou fechar a economia, que fique tranquilo, porque não vou. É uma discussão tonta”, declarou.

Apesar de dizer que não se opõe ao Mercosul, Fernández ponderou que acordos comerciais devem considerar os interesses nacionais. “Meu problema não é que a economia se abra. Meu problema é que essa abertura cause danos aos argentinos”, afirmou o candidato à presidência argentina. 

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, advertiu que o Brasil sairá do Mercosul se Fernández chegar ao poder e quiser fechar a economia do bloco./ AFP, REUTERS e EFE

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