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Bolton desiste de cargo de embaixador dos EUA na ONU

Alinhado aos setores mais conservadores da administração, diplomata havia sido indicado durante um recesso do Congresso; nomeação carecia de aprovação

Por Agencia Estado
Atualização:

Diante da impossibilidade de ser confirmado pelo Senado como embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton deixará a função quando expirar sua nomeação, anunciou nesta segunda-feira a Casa Branca. Fiel à Bush e alinhado aos setores mais conservadores da administração, o diplomata havia sido indicado para o cargo por George W. Bush durante um recesso do Congresso, em agosto de 2005, e por isso vinha exercendo sua função sem a aprovação obrigatória do Senado americano. Mas tanto democratas quanto republicanos da Comissão de Relações Exteriores do Senado obstruíram a designação do embaixador. A comissão teria até janeiro para aprovar a nomeação, quando a nova legislatura eleita nas eleições de 7 de novembro assumirá no Congresso americano. Muitos críticos questionam o estilo brusco de Bolton e sua capacidade em proporcionar uma reforma efetiva na ONU. Em uma declaração veiculada nesta segunda-feira, Bush se disse "profundamente desapontado com os senadores americanos que impediram que John Bolton recebesse os votos que merecia do Senado". "Eles escolheram obstruir sua confirmação, mesmo com ele possuindo o apoio da maioria do Senado, e mesmo com suas táticas sendo essências para nossos esforços diplomáticos em um momento tão importante", disse Bush. Bolton, de 58 anos, apresentou sua renúncia em uma carta na sexta-feira depois que ficou claro que ele não conseguiria vencer a nova batalha de confirmação no Senado. Ele deixará o cargo assim que vencer sua designação - no final do período das sessões legislativas, em janeiro -, anunciou a Casa Branca. Segundo algumas versões de fontes republicanas, apesar de Bush não poder dar uma nova designação a Bolton durante o recesso legislativo, a Casa Branca estava estudando outras maneiras de mantê-lo no cargo, provavelmente dando-lhe outro título no lugar de embaixador. Mas Bolton - que havia causado polêmica por intimidar analistas de inteligência para que apoiassem suas posições agressivas enquanto estava no Departamento de Estado - decidiu desistir do cargo. Virada na política externa Para o senador democrata John Kerry, a partida de Bolton pode ser um momento de virada na política externa da administração Bush. "Com o Oriente Médio à beira do caos e aumentando as ameaças nucleares por parte do Irã e da Coréia do Norte, precisamos de um embaixador na ONU que tenha pleno apoio do Congresso, e possa ajudar a unir a comunidade internacional para enfrentarmos sérias ameaças diante de nós", disse Kerry. Agora, continuou, Bush deve nomear um embaixador "que desfrute o apoio necessário para unir nosso país e o mundo e possa colocar resultados à frente de ideologia". Bush deve encontrar-se com Bolton e com sua esposa na Casa Branca mais tarde nesta segunda-feira. Na última segunda-feira, Bush anunciou que não desistiria de defendê-lo como embaixador dos EUA na ONU - apesar da oposição democrata considerá-lo excessivamente combativo para o cargo. Mas, nessa segunda-feira, o presidente americano aceitou - e lamentou - a decisão de Bolton. Na declaração endereçada à imprensa, Bush citou as vitórias de Bolton, a quem agradeceu pela "extraordinária dedicação e habilidade", contradizendo as alegações da oposição de que o diplomata seria truculento. "O embaixador Bolton conduziu negociações bem sucedidas que resultaram em uma resolução unânime do Conselho de Segurança em relação às atividades militares e nucleares da Coréia do Norte. Ele construiu consenso entre nossos aliados sobre a necessidade de que o Irã suspenda seu processamento e enriquecimento de urânio", descreveu o presidente. Texto ampliado às 19h32

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