Bombardeios deixam até 71 civis mortos no noroeste do Paquistão

Autoridades informaram que apenas militantes haviam perdido a vida nos ataques

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Atualização:

PESHAWAR - Um ataque realizado por aviões paquistaneses no fim de semana perto da fronteira com o Afeganistão matou até 71 civis, disseram nesta terça-feira, 13, sobreviventes dos bombardeios e fontes do governo, em um rara confirmação de mortes de civis que pode reduzir o apoio popular à luta contra os militantes.

 

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A fonte do governo, que falou em condição de anonimato, disse que as autoridades já pagaram um valor equivalente a US$ 125 mil às famílias das vítimas do ataque, que ocorreu na região tribal de Khyber.

 

Também nesta terça, um líder de um vilarejo afirmou que 13 civis foram mortos em ataques de aviões americanos na noite da segunda-feira. Segundo as forças de segurança paquistanesas, quatro insurgentes foram mortos no bombardeio. As informações, porém, não podem ser confirmadas, já que as regiões tribais representam um grande perigo para repórteres e outros profissionais.

 

O porta-voz do Exército do Paquistão, o major-general Athar Abbas, negou que os mortos nos ataques dos aviões paquistaneses eram civis e afirmou que os militares tinham informações confirmadas de que militantes se reuniam no local do bombardeio.

 

Dois sobreviventes entrevistados nesta terça, entretanto, deram detalhes sobre o episódio, ocorrido na manhã do sábado. Segundo eles, a maioria das vítimas tentava resgatar pessoas que estava sob os escombros de uma casa previamente atacada. "A casa foi bombardeada de forma absolutamente equivocada. Essa área não tem nada a ver com os militantes", disse um dos parentes de um dos sobreviventes.

 

O Exército do Paquistão, sob grande pressão dos EUA, tem realizado ofensivas contra o Taleban e a Al-Qaeda no noroeste do país nos últimos 18 meses. Regularmente são anunciadas mortes de insurgentes em bombardeios, mas raramente são reportadas mortes de civis.

 

Estima-se que mais de 1 milhão de paquistaneses deixaram suas casas por conta das ofensivas contra os militantes na região da fronteira com o Afeganistão. Os políticos paquistaneses apoiam as operações ou se mantém longe das críticas, o que reflete uma mudança de posicionamento das autoridades nos últimos anos. Anteriormente, muitos apoiavam as negociações com os insurgentes.

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