Bombardeiros de longo alcance da Força Aérea russa começarão a fazer patrulhas regulares em uma região entre o Oceano Ártico e o Mar do Caribe, passando pelo Golfo do México, declarou ontem, em comunicado, o governo da Rússia. A demonstração de força reflete a tensão entre Moscou e o Ocidente, agravada pela crise ucraniana.
O documento assinado pelo ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, foi emitido no mesmo dia em que o comandante militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o general Philip M. Breedlove, acusou o Kremlin de enviar tropas e tanques à Ucrânia - uma acusação que foi rapidamente negada pela Rússia (mais informações nesta página).
Shoigu declarou que a tensão com o Ocidente provocada pela crise ucraniana fará ainda que o Kremlin reforce sua presença militar na Crimeia - península anexada pela Rússia em março. Segundo o ministro, os bombardeiros de longo alcance de seu país cruzarão a fronteira russa pelo norte, sobrevoando o Oceano Ártico. "Diante da atual situação, temos de manter presença militar no oeste do Atlântico e no leste do Pacífico, assim como no Caribe e no Golfo do México", afirmou.
Shoigu disse ainda que o crescente ritmo dessas incursões e a longa duração dos voos dos bombardeiros russos exigirão esforços maiores de manutenção - e, por esse motivo, já deu instruções às indústrias que dão apoio técnico ao setor.
Bombardeiros com capacidade nuclear russos faziam patrulhas regulares no Atlântico e no Pacífico na época da Guerra Fria, mas a falta de recursos da Rússia pós-soviética forçou cortes no setor militar do país. Durante o mandato do presidente Vladimir Putin, as patrulhas foram gradualmente retomadas. Esses voos se tornaram ainda mais frequentes nas últimas semanas. A Otan tem detectado uma intensa movimentação russa sobre os Mares Negro, Báltico e do Norte - e também sobre o Oceano Atlântico.
Em março, Shoigu afirmou que a Rússia planejava expandir sua presença militar por todo o planeta, pedindo permissão para seus navios de guerra aportarem na América Latina, na Ásia e em outros continentes, para reabastecer-se de suprimentos e fazer manutenção. O ministro declarou ainda que os militares russos mantinham negociações com Argélia, Chipre, Nicarágua, Venezuela, Cuba, Seychelles, Vietnã e Cingapura.
/ AP