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Bonança petrolífera atraiu milhares de estrangeiros 

Na década de 60, cerca de 15% da população da Venezuela era composta por imigrantes, a maioria espanhóis e italianos

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Por Redação
Atualização:

BOGOTÁ - Um país de imigrantes que agora emigram, a Venezuela foi durante anos o país mais próspero da vizinhança, mas o chavismo provocou um êxodo que coloca à prova as políticas migratórias da América Latina. 

Pelo direito internacional, refugiados são aqueles que cruzam as fronteiras dos países em busca de proteção, diante de uma situação de confronto ou de crise em seus países de origem Foto: GABRIELA BILO / ESTADÃO

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“O processo migratório venezuelano começou com este governo há 18 anos”, disse Tomás Páez Bravo, professor da Universidade Central da Venezuela e autor de um estudo La Voz de La Diáspora Venezolana. “Nos últimos anos, vem ocorrendo o que chamaria de onda do desespero, que atinge todos os setores sociais”, acrescentou. 

A “Venezuela Saudita”, como se apelidou o país por sua bonança petrolífera, estava acostumada a acolher estrangeiros em busca de oportunidades e contava com amplas comunidades de espanhóis, italianos ou portugueses, além de ser refúgio de latino-americanos que fugiam das ditaduras. “Em torno de 15% da população vinha de outros países na década de 60, ao passo que agora cerca de 2 milhões de venezuelanos emigraram desde que Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999”, diz Páez. 

Filhos e netos de imigrantes representam quase 40% dos que partiram. Em um exemplo revelador, Portugal indicou ter um plano para retirar quase 1 milhão de cidadãos caso o conflito venezuelano descambe para uma guerra civil. 

Há registros de migrantes venezuelanos que chegaram por terra e mar a 90 países. EUA, Espanha e Colômbia são os principais receptores, mas o fluxo já é sentido em todo o continente. Além de fronteiras terrestres com Colômbia e Brasil, a imprensa internacional tem publicado histórias de “balseros” venezuelanos que se lançam ao mar para chegar a Aruba e Curaçau. 

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou aos países-membros que recorram a mecanismos migratórios, como os vistos humanitários, ao passo que o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, expediu uma autorização temporária humanitária e propôs um fundo comum em caso de uma crise nas fronteiras da Venezuela.

Essa debandada deve aumentar. Segundo estudo da empresa Datos, 20% das pessoas questionadas disseram, em dezembro de 2015, que querem sair da Venezuela nos próximos 12 meses. 

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