Bové acusa Israel de apartheid

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Por Agencia Estado
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O francês Jose Bové, que se tornou famoso por atacar um restaurante McDonald´s nas proximidades de sua fazenda de carneiros, acusou hoje Israel de promover uma política de apartheid, e comparou a Cisjordânia e Faixa de Gaza com a Bósnia e Kosovo. Um porta-voz do governo israelense respondeu que a comparação carece de base. O fazendeiro francês disse a repórteres que seu grupo veio à região para tentar parar o que eles vêem como roubo de terras palestinas e a violação dos seus direitos econômicos e humanos. Bové, 47 anos, afirmou ter visto vilas palestinas isoladas pelo Exército israelense nos últimos oito meses, desde o início da atual onda de violência. Moradores só têm permissão de entrar e sair a pé. Ele disse que vilas estão sendo circundadas por assentamentos judeus, suas estradas tradicionais sendo cortadas por novas rodovias construídas apenas para atender às necessidades dos colonos, e suas terras sendo confiscadas para os assentamentos ou porque o Exército as declarou território militar. Muitas oliveiras foram arrancadas pelo Exército como punição pelos protestos palestinos, segundo ele. Não existe justificativa militar para as ações, considerou. As Forças Armadas israelenses afirmam ter arrancado árvores usadas como cobertura por palestinos para promoverem emboscadas ou para plantar bombas em beira de estradas. Mas Bové acusou que o real objetivo é mostrar aos palestinos que eles não têm controle sobre suas vidas. "Trata-se realmente de uma situação de apartheid", disse ele. "Esperamos que isso não prossiga, porque depois do apartheid sabemos o que ocorreu poucos anos atrás nos Bálcãs, na Bósnia e em Kosovo", comentou. Posteriormente, Bové explicou que não estava acusando Israel de promover assassinato em massa ou limpeza étnica. Ele afirmou que a situação nos territórios palestinos é como a que prevaleceu na Bósnia e em Kosovo nos primeiros estágios do conflito, quando vilas muçulmanas foram isoladas pelos sérvios, e muçulmanos foram privados de seus meios de vida e empregos. Raanan Gissin, porta-voz do primeiro-ministro Ariel Sharon, disse que a comparação com o apartheid, Bósnia e Kosovo é "desprovida de fundamento". Gissin acusou o líder palestino Yasser Arafat de tornar as medidas israelenses necessárias. "Porque ele continua com o incitamento, colonos estão sendo mortos e não temos escolha senão isolar cidades e vilas palestinas", argumentou. Bové foi detido brevemente pela polícia de Israel na quarta-feira junto com outros ativistas dos direitos humanos franceses, israelenses e palestinos, por terem promovido uma manifestação na vila palestina de El-Khader, Cisjordânia. Eles protestavam contra o bloqueio de uma rodovia e o confisco de terras da vila para a expansão de um assentamento judeu próximo. Bové tornou-se um símbolo dos ativistas antiglobalização quando ele liderou um ataque em agosto de 1999 contra um restaurante McDonald´s em construção no sopé de uma colina em Millau, no sul da França. Ele vive no platô logo acima.

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