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Brahimi diz que eliminar Hezbollah não é a solução

Antigo enviado especial do secretário-geral da ONU para o Oriente Médio afirma ser um "erro negar à milícia xiita o papel social que mantém no Líbano"

Por Agencia Estado
Atualização:

A solução para a crise libanesa não está na eliminação do Hezbollah, mas em incentivar o grupo xiita a manter um papel responsável, afirma Lakdar Brahimi, antigo enviado especial do secretário-geral da ONU para o Oriente Médio, em um artigo publicado neste domingo pelo jornal argelino "Libertei". Brahimi acrescenta que "sabe o que diz" e que seria um erro negar à milícia xiita o papel social que mantém no Líbano. "É evidente que durante os 30 dias que durou a destruição do Líbano toda a diplomacia americana se mobilizou para evitar um cessar-fogo, enquanto seguia enviando armas a Israel", prossegue o antigo enviado especial do secretário-geral da ONU em seu artigo, publicado também no jornal "The New York Times". "Foi dito que a guerra deveria continuar, para tratar os problemas em sua raiz, mas ninguém explicou como a destruição do Líbano permitiria alcançar esse objetivo", assinala. O diplomata, que durante anos trabalhou no Iraque, no Líbano e em outros países árabes, diz que a guerra de Israel, apoiada por Washington, "não ajudou em nada a combater o terrorismo, mas pelo contrário, beneficiou os inimigos da paz, da liberdade e da democracia". Após insistir que a necessidade de Israel de manter sua segurança é legítima e real, Brahimi afirmou que isso "jamais vai ser alcançado de maneira durável em detrimento das necessidades não menos legítimas de seus vizinhos". O diplomata, que negociou os acordos de paz de Taef, em 1989, propostos pela Arábia Saudita, conclui que "seria um erro que não se compreendesse que da maneira como aconteceu esta guerra, Hassan Nasrallah (dirigente do Hezbollah) se transformou no personagem mais popular do mundo muçulmano".

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