Brasil condena golpe em Guiné-Bissau

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro lamentou o golpe de Estado em Guiné-Bissau e exortou os militares e líderes políticos do país a estabelecerem a ordem constitucional. Em comunicado, o Itamaraty informou que os brasileiros residentes no país estão em segurança, incluindo os três técnicos do Tribunal Regional de Minas Gerais que chegaram sábado a Bissau para colaborar no processo eleitoral. O líder da Organização da Unidade Africana, o presidente de Moçambique, Joaquim Chissanio, condenou o golpe, mas também criticou o presidente deposto Ialá por ter feito pouco para melhorar a economia e promover a democracia. Portugal também condenou o golpe e exortou seus líderes a restaurarem a ordem constitucional. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da República da Guiné-Bissau, general Veríssimo Correia Seabra, liderou hoje um golpe militar que depôs o presidente Kumba Ialá, eleito em 2000. A junta militar impôs o toque de recolher em todo o país e fechou o aeroporto de Bissau, capital do país. Soldados com metralhadoras patrulham as ruas, mas não há registro de combates nem de feridos. Seabra assumiu interinamente a presidência em nome do Comitê Militar para a Restituição da Ordem Constitucional e Democrática (CMROCD). Foi criado um comitê militar para planejar a restauração da democracia, mas não foi fixada nenhuma data para a convocação das eleições. A junta militar que hoje depôs Ialá acusou-o de violar a Constituição e levar o país ao caos. Ele dissolveu o Parlamento em novembro e convocou novas eleições para fevereiro deste ano, mas depois as adiou para outubro. No sábado, o comitê eleitoral do país, sob controle de Ialá, anunciou novo adiamento das eleições. O Itamaraty lembrou, ainda em seu comunicado, que a destituição da Assembléia Nacional do Povo (o Parlamento) pelo presidente havia sido condenada por toda a comunidade internacional. Seabra, o ?computador da guerra? - O general Seabra é conhecido em Bissau como "o computador da guerra". Formou-se em academias militares da Rússia soviética e da China ainda no tempo da guerra da independência e na década de 90 recebeu treinamento nos EUA. Seabra é da etnia papel e o único não integrante da etnia balanta (a majoritária) na direção e uma instituição política ou militar do país. Segundo a agência Lusa, seu carisma e capacidade de liderança lhe permitiu superar as reservas à sua origem étnica a ponto de os principais oficiais do Exército lhe serem totalmente fiéis. Todos os oficiais participaram ativamente do golpe militar. Os descontentes com sua liderança e os que poderiam levantar objeções haviam sido enviados, estrategicamente, para incorporar-se à misssão internacional de paz na Libéria, onde estão há duas semanas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.