MONTREUX - Representantes do governo brasileiro criticaram nesta quarta-feira, 22, países que têm financiado e enviado armas para a Síria e alertaram que não há chances de um acordo de paz se potências internacionais tentarem definir quem deve formar o governo de transição. Em discurso durante a conferência de paz sobre a Síria, em Montreux, a delegação brasileira defendeu o diálogo entre as diferentes partes no conflito sírio como solução para a guerra civil.
Veja também:
Lapouge: conversações sobre Síria
Acompanhe ao vivo o encontro em Genebra
ONGs criticam ‘desinteresse’ do Brasil pela reunião na Suíça
"Não haverá solução para o conflito na Síria enquanto ambos os lados continuarem a receber recursos financeiros e armas do exterior", disse o embaixador Eduardo do Santos, secretário-geral do Itamaraty. No início da semana, o Palácio do Planalto cancelou a ida do chanceler brasileiro, Luiz Antônio Figueiredo ao evento. Coube a Santos liderar a representação em Montreaux.
"Os países e organizações reunidos aqui deveriam apoiar fortemente o diálogo político liderado pelos sírios", disse. "Essa conferência deveria mostrar seu apoio não tentando determinar as decisões que as partes sírias deveriam tomar."
Mais cedo, o secretário de Estado americano, John Kerry, exigiu a saída do presidente Bashar Assad para que haja um acordo de paz. "Esse é um processo sírio com o apoio da comunidade internacional, e não um processo internacional com a participação síria", apontou o diplomata brasileiro.
No discurso, o Itamaraty ainda apresentou uma lista de propostas para que sejam consideradas nas negociações que começam na sexta-feira entre as partes envolvidas no conflito. O Brasil pede o acesso humanitário às áreas afetadas, um cessar-fogo regional e que os responsáveis sejam levados à Justiça.
ONGs criticaram o Brasil por não mandar um chanceler para o evento. Hoje, porém, o regime de Assad elogiou os Brics pela "amizade sincera" desses governos a Damasco.