PUBLICIDADE

Brasil decide oficializar oposição à guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil decidiu amarrar, de forma clara, seu alinhamento com as nações que se opõem aos Estados Unidos e defendem o desarmamento do Iraque de forma pacífica. Hoje, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, tratou da oposição à ação militar norte-americana durante uma reunião de trabalho em Moscou com o chanceler russo, Igor Ivanov. Na última quinta-feira, a caminho do Japão, ele já havia conversado por telefone sobre o tema com seu colega francês, Dominique de Villepin. Amanhã, em Berlim, Amorim expressará a posição brasileira ao ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer. Alemanha, França e Rússia são os três países que encabeçam a resistência às pressões bélicas dos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Membros plenos, os dois últimos contam com poder de veto. Na semana passada, o governo brasileiro já havia emitido uma nota de apoio à declaração contrária à guerra divulgada, de forma conjunta, por esses três países. Ao aceitar os convites para encontrar-se com Ivanov e Fischer, Amorim deixou mais claro o distanciamento de Brasília em relação a Washington na questão. O Palácio do Planalto, por sua vez, indicou que o País poderá liderar uma resistência sul-americana à guerra no Oriente Médio. Hoje, na conversa com Ivanov, Amorim deixou claro que o Brasil fará "tudo o que estiver a seu alcance em favor de uma solução pacífica" para a crise, levando-se em conta os limites de sua capacidade de atuação, conforme informou o porta-voz do Itamaraty, Ricardo Neiva Tavares. O recado deverá ser repetido amanhã a Fischer. Ainda hoje, em entrevista à imprensa, o chanceler brasileiro afinou ainda mais o discurso com o do governo francês, ao se declarar contrário a uma nova resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por considerar que seu texto apenas justificaria a ação militar contra o Iraque. Em Moscou, Ivanov apresentou a Amorim detalhes do relatório do chefe da missão de inspetores da ONU, Hans Blix. Segundo Neiva Tavares, as informações reforçaram a impressão do ministro brasileiro, de que ainda é possível uma solução pacífica. Ambos os chanceleres concordaram que o Iraque deve ser convencido a cooperar de maneira ampla e ativa com os inspetores e a cumprir rigorosamente a determinação de eliminar as armas de destruição em massa que existam em seu território. Amorim e Ivanov também sustentaram que, além de ter condições para cumprir sua tarefa, os inspetores devem dispor do tempo necessário - um recado direto à impaciência dos Estados Unidos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.