Brasil e Alemanha pressionam por reforma do Conselho da ONU

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Por Agencia Estado
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Brasil e Alemanha deverão fazer uma aliança política em favor da reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo comum será eliminar resistências à ampliação desse organismo e garantir a condição de membros permanentes para os dois países. Prioridade da agenda externa brasileira, o tema deverá consumir parte da conversa reservada entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o chanceler alemão, Gerhard Schröeder, nesta quinta-feira, em Brasília. Na visita ao Brasil, iniciada hoje, Schröder terá o sexto encontro reservado com Fernando Henrique desde que tomou posse, no início de 1999. Desde então, os dois têm mantido diálogos sobre temas de interesse comum, conforme informou uma fonte do Palácio do Planalto. Derrotada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha foi mantida distante do Conselho de Segurança, apesar do poderio econômico e da influência no plano político internacional, crescentes nas quatro últimas décadas do século 20. Mesmo tendo participado da guerra do lado dos vencedores e assumido a condição de maior economia latino-americana, o Brasil conseguiu, no máximo, a condição de membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU, mas sem poder de veto das decisões. A diplomacia brasileira critica a atual composição do órgão - Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China -, por representar a ordem internacional vigente 56 anos atrás. A expectativa é que a discussão sobre a reforma do Conselho de Segurança seja retomada neste ano. O documento "Parceria Brasil-Alemanha", a ser firmado entre Schröder e Fernando Henrique, prevê ainda a criação de um grupo de trabalho para tratar de oportunidades de investimento nas áreas de infra-estrutura, sobretudo energia, meio ambiente e educação. Também deverá determinar a formação de um mecanismo de diálogo entre representantes da sociedade civil dos dois países. O presidente do Brasil e o primeiro-ministro da Alemanha assinam também o "Memorando de Entendimento na Área Espacial", que envolverá a definição de campos comuns de atuação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Centro Alemão Aeroespacial. Trata-se de um acordo geral, mas que poderá permitir a futura cooperação tecnológica entre os dois países e o eventual uso pela Alemanha da Base de Lançamento de Satélites de Alcântara (MA). Os dois chefes de governo deverão ainda firmar o Acordo de Cooperação para a Execução de Projetos para a Preservação de Florestas Tropicais, que deverá envolver futuros desembolsos em ações na área de meio ambiente. Atualmente, a Alemanha coopera com o Brasil em projetos de proteção da mata atlântica e de manejo da floresta amazônica. Pelo menos três outros pontos deverão constar da reunião: a nova rodada da Organização Mundial do Comércio (OMC), o início da negociação sobre o livre comércio entre o Mercosul e União Européia (UE) neste ano e a adoção de mecanismos internacionais para o controle dos fluxos de capital. Esses pontos deverão estar cobertos por um documento geral que será assinado por FHC e Schröder sobre questões bilaterais e multilaterais, chamado "Parceria Brasil-Alemanha, Plano de Ação".

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