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Brasil e Paraguai retomam negociações sobre energia de Itaipu

Negociações ocorrem em Brasília, em meio a CPI no Congresso paraguaio que investiga favorecimento a empresa brasileira

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Por Redação
Atualização:

ASSUNÇÃO - Brasil e Paraguai retomam na terça-feira, 20, as negociações sobre a utilização de energia na Usina de Itaipu, quase três semanas depois que o acordo anterior, assinado em maio, foi suspenso em consequência de uma crise política no país vizinho.  As negociações ocorrerão em Brasília, entre a Administração Nacional de Energia (Ande, a estatal de energia paraguaia) e a Eletrobrás. O acordo anterior foi anulado depois de a imprensa paraguaia revelar que membros do governo Mario Abdo Benítez aceitaram termos lesivos ao Paraguai. A denúncia, junto com relatos de que um assessor da vice-presidência teria pressionado a Ande para vender energia para a empresa brasileira Léros, colocaram Benítez sob risco de impeachment. Logo após as denúncias, o governo do presidente Jair Bolsonaro aceitou o pedido do Senado paraguaio para cancelar o acordo. 

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Paraguai promete transparência em negociação

Ao diário paraguaio ABC Color, o novo presidente da Ande, LuisVillordo, prometeu transparência. Segundo ele, os detalhes das negociações serão publicados no site da Ande.  A prioridade dos paraguaios é aumentar o nível de energia excedente da usina contratada pelo Paraguai. Gerada a partir do excesso de chuvas em Itaipu, esse tipo de energia é mais barato que a garantida, da qual pelo acordo de partilha assinado quando a usina foi construída, o Paraguai tem de ceder uma parte ao Brasil para quitar os custos de construção da hidrelétrica binacional.  Nos últimos anos, pelo fato de o consumo de energia do Paraguai ser relativamente pequena e em consequência de um acordo assinado entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo, que dá ao Paraguai prioridade no uso da energia mais barata, o Paraguai aumentou os índices de contratação de energia excedente, o que é visto como injusto pelo Brasil, que acaba subsidiando o custo da energia no país vizinho. 

Partidários saúdam o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez Foto: EFE/Martin Crespo

“Cada um tem uma estratégia, mas vamos chegar a um acordo”, disse Villordo ao ABC Color. “Temos de definir qual será a potência contratada. Preferimos a energia mais barata, mas seu volume é instável, pois os reservatórios estão num nível baixo.”

Seis em cada dez paraguaios acham que Abdo Benítez deixará o cargo

  Em meio à retomada das negociações, uma pesquisa publicada ontem pela imprensa paraguaia indicou que a maioria da população acredita que Abdo Benítez deixará o cargo antes do final. Para 53,9% dos paraguaios, o presidente não concluirá o mandato, alvo de um julgamento político ou renúncia.  Outros 29,5% creem que o presidente, um dos principais aliados de Bolsonaro na América do Sul, terá o apoio necessário para segurar-se no cargo. Ainda de acordo com o levantamento feito pela consultoria CIES, 16,6% não souberam fazer um prognóstico sobre o futuro do presidente.  Desde o início da crise, Abdo Benítez tem evitado um processo de impeachment graças a facção do Partido Colorado liderada pelo ex-presidente Horacio Cartes, seu principal rival político. 

Congresso toma depoimentos de envolvidos no escândalo

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  Hoje, o Congresso paraguaio começa a ouvir os envolvidos na assinatura do acordo de maio, conhecido no país como “ata entreguista”. O presidente da Comissão Bicameral, o senador liberal Ramón Eusebio Ayala, deve ouvir o gerente técnico interino da Ande, engenheiro Ubaldo Fernández, e depois o engenheiro Luis Gilberto Valdez, diretor técnico de Itaipu. Estão na lista de depoimentos também o ex-gerente técnico do engenheiro da ANDE, Fabián Cáceres, e o ex-diretor técnico do engenheiro da Itaipu, José Sánchez Tillería.

À tarde devem ser ouvidos o ex-ministro das Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni,  e o ex-presidente da Ande Pedro Ferreira./ COM EFE

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