O governo brasileiro enviará alimentos, remédios, médicos e ajuda financeira a Cuba e Haiti, dois países do Caribe atingidos pelo furacão Ike. A decisão de despachar um avião Hércules com gêneros alimentícios e medicamentos para Cuba e outro para o Haiti foi tomada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de seu telefonema ao presidente de Cuba, Raúl Castro. Lula telefonou para Raúl por volta de meio-dia para oferecer auxílio e conversou com ele durante uma hora. Ouviu do líder cubano que a ilha havia sido duramente castigada pelo furacão, considerado o mais grave dos últimos 200 anos. "Parece que a bomba de Hiroshima explodiu aqui", disse Raúl. O cubano contou que o Ike destruiu plantações de banana e cana-de-açúcar e paralisou minas de níquel, um dos principais produtos de exportação do país. Lula ficou impressionado com o relato e, durante reunião com sete ministros, no Palácio do Planalto, determinou a formação de um grupo de trabalho, coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores, para definir o pacote de ajuda humanitária. O governo brasileiro também poderá enviar auxílio à República Dominicana e Jamaica, outros dois países devastados por furacões. Antes mesmo da conversa de Lula com Raúl, o assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, telefonou para o presidente do Haiti, Rene Préval, e soube que a tormenta deixou ali pelo menos 101 mortos. Segundo o Itamaraty, o governo destinará US$ 100 mil para fins de auxílio humanitário de emergência à população haitiana. O valor que será enviado a Cuba ainda não está definido, mas poderá ser maior. Numa segunda etapa, o governo pretende ajudar Cuba e Haiti a reconstruir sua infra-estrutura, enviando até mesmo fios para a rede elétrica destruída. O Ike partiu ontem de Cuba rumo ao Golfo do México, após deixar quatro mortos, dezenas de milhares de desabrigados.