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Brasil ganha apoio para continuar no comando de missão no Haiti

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro obteve nesta segunda-feira o apoio do grupo de países envolvidos na pacificação e reestruturação do Haiti para permanecer no comando das operações militares da Organização das Nações Unidas (ONU) no país caribenho. "O Brasil se comprometeu intensamente com o Haiti e certamente acolheremos com satisfação outro brasileiro para comandar a força", destacou em Nova York o subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, Jean-Marie Guehenno. Com a decisão, o Brasil livrou-se do pesado custo político e da possível desmoralização que a perda desse posto traria para o País, justamente no momento em que reacende sua campanha por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança. O governo submeteu à ONU a sua indicação do general de divisão José Elito Carvalho Siqueira, comandante da 6ª Região Militar, para substituir do general Urano Teixeira da Matta Bacellar, encontrado morto no sábado com um tiro na cabeça. A negociação foi realizada durante uma conferência por telefone entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, o chefe político da Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (Minustah), o também chileno Juan Gabriel Valdés, e representantes dos governos da França, dos Estados Unidos, da Argentina e do Chile. Somados ao Brasil, esses países formam o chamado Core Group para o Haiti. No último sábado, logo depois da notícia da morte do general Bacellar, Amorim havia conversado sobre o assunto com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, o chanceler chileno, Ignácio Walker, e com o próprio Valdés. O argumento prático para a preservação do Brasil no comando das operações militares está no fato de o País manter o maior contingente no Haiti, de 1.213 homens. Tradicionalmente, a nação que envia maior número de soldados é a que comanda as operações de paz e de estabilização da ONU. Mas, para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a manutenção dessa posição de destaque e de risco tem igualmente motivações diplomáticas. Além do vínculo dessa missão com a ambição brasileira por um assento permanente no Conselho de Segurança, a recuperação do Haiti tornou-se uma das principais campanhas do presidente brasileiro em suas investidas no exterior, especialmente em foros multilaterais. Segundo a assessoria do Itamaraty, as discussões sobre o tema prosseguirão nesta semana. Depois de passar pelo Haiti, com a missão de levantar o moral das tropas brasileiras, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, seguirá para Nova York para tratar nas Nações Unidas das operações militares. Nesta terça-feira, no Itamaraty, o ministro Celso Amorim receberá o secretário-adjunto de Estado dos EUA para a América Latina, Tom Shannon, com quem deverá discutir mais detalhadamente o processo eleitoral no Haiti e a posição brasileira, depois da morte do general Bacellar. Eleições Durante a conferência desta segunda-feira, o Core Group deu também seu firme apoio à realização das eleições legislativas e presidenciais no Haiti no dia 7 de fevereiro. Também rejeitou a possibilidade de que "provocações" e "pretextos" possam atrasar novamente ou impedir a realização da votação e condenou as ações violentas e o que chamou de campanha em curso para desmoralizar o trabalho da Minustah. Com essas declarações, os cinco países - entre os quais, os Estados Unidos e a França, que são membros permanentes do Conselho de Segurança - definiram claramente um prazo para o governo interino do Haiti concluir a distribuição de títulos de eleitor e a contratação de fiscais. O recado também é endereçado aos grupos contrários à realização das eleições e que se valem de ações violentas para intimidar o eleitorado e para promover o retorno do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, atualmente asilado na África do Sul. Marcadas inicialmente para novembro, as eleições foram sucessivamente adiadas pelo comitê eleitoral por falta de garantias de uma votação confiável. A última data fixada é a de 7 de fevereiro. Chileno Com a morte de Bacellar, um general chileno assumiu interinamente o comando da missão de Paz da ONU no Haiti. Urano Bacellar estava no comando da missão da ONU no Haiti desde 31 de agosto de 2005, quando assumiu em substituição ao também general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro, e sua morte se transformou na primeira baixa sofrida pelo contingente brasileiro no país. A Força de Paz da ONU (Minustah) é formada por 6.700 militares, 1.622 policiais , 548 funcionários internacionais, 154 voluntários das Nações Unidas e 995 funcionários nacionais. Os países que enviaram militares ao Haiti são Brasil, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Croácia, Equador, Espanha, EUA, França, Guatemala, Jordânia, Malásia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Sri Lanka e Uruguai.

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