Brasil não recusará negociar acordo com EUA, diz diplomata

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Por Agencia Estado
Atualização:

Se o Brasil recebesse um convite dos Estados Unidos para discutir um acordo bilateral, não recusaria negociar, disse o subsecretário do Itamaraty para Assuntos Comerciais, Econômicos e de Integração, embaixador José Alfredo Graça Lima. Não há por que recusar uma negociação, acrescentou. Os Estados Unidos, no entanto, não têm nada substancial para oferecer nem ao Brasil nem à Argentina, acredita o diplomata. Com esses comentários, Graça Lima negou importância às freqüentes declarações, ouvidas tanto na Argentina quanto nos Estados Unidos, sobre iniciativas de acordos bilaterais com os Estados Unidos. O caso do Chile, segundo o embaixador, é isolado, porque o assunto vem sendo examinado há muito tempo. Mesmo assim, o governo do presidente Bill Clinton levou oito anos para responder à proposta chilena e uma solução, se ocorrer, ainda consumirá algum tempo e dependerá de apoio do Congresso norte-americano. O Executivo dos Estados Unidos, disse o embaixador, não terá condições de se envolver em negociação importante, enquanto não obtiver do Congresso o mandato especial para negociar, antes conhecido como "fast track" e há pouco rebatizado como "trade promotion authority" (autoridade para promoção de comércio). Com esse mandato, o presidente pode assinar acordos sujeitos a aprovação ou rejeição pelos congressistas, mas não passível de emendas. Sem essa condição, as autoridades norte-americanas não poderão ir muito mais longe nem na discussão da Alca, nem na realização de outros acordos comerciais. "No momento, não consigo visualizar um fatiamento das negociações", disse Graça Lima, comentando a hipótese de vários entendimentos bilaterais conduzidos pelo governo Bush, num suposto esforço para isolar e enfraquecer o Brasil na discussão da Alca. Enquanto não receber esse mandato, o Executivo americano terá limitações para discutir assuntos politicamente complexos como subsídios e proteção à agricultura e mecanismos antidumping avalia o negociador brasileiro. Por enquanto, a disposição conhecida do governo norte-americano é de não fazer concessões nem quanto à agricultura, nem quanto a medidas antidumping. Não tem sentido, segundo Graça Lima, a idéia de que se possa, simplesmente, recusar desde o início a discussão de certos temas. Como o governo do presidente George W. Bush nada pode oferecer de realmente importante, neste momento, qualquer conversa a respeito de projetos separados para os países do Mercosul tem pouca substância, segundo o raciocínio do diplomata brasileiro.

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