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'Brasil não tem sido forte o bastante contra violações', diz ativista

Representante na ONU de entidade de direitos humanos critica posição do Brasil com relação a abusos em Mianmar

Por Gabriel Toueg
Atualização:

SÃO PAULO - A representante na ONU da Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH) Michelle Kissenkoetter esteve no Brasil e se reuniu com autoridades locais para discutir violações em países como Síria, Haiti e Mianmar e buscar uma atuação mais incisiva do País.Para ela, o Brasil, "país do ex-relator especial da ONU para Mianmar Paulo Sérgio Pinheiro", como lembra, "não tem adotado uma posição forte o bastante para ajudar a promover uma mudança na situação desses países". A seguir, trechos da entrevista ao Estado:Estado: O Brasil tem se abstido em resoluções que condenam o governo de Mianmar. Como o país justifica a mudança de posição?Michelle Kissenkoetter: O País se abstém por querer dar ao governo birmanês a "oportunidade de mudar, de melhorar". Foi o que nos disseram. Nossa resposta é que eles tiveram essa oportunidade por muitos e muitos anos. E as mudanças que ocorreram se devem apenas à pressão internacional. Nosso medo é que o Brasil, pelos seus interesses econômicos, aceite as reformas que o governo fez como completamente positivas.Estado: O Brasil poderá votar contra uma resolução?Michelle Kissenkoetter: Isso seria uma vergonha total, um insulto à situação dos direitos humanos em Mianmar.Estado: Há uma iniciativa para que violadores dos direitos humanos na Síria sejam enviados para o Tribunal Penal Internacional, em Haia. O que diz o Brasil?Michelle Kissenkoetter: Nós pedimos que o País, como signatário da Convenção de Roma, una-se à iniciativa, mas parece que há preferência pela posição de neutralidade na situação. Não há nenhuma razão para o Brasil não assinar.

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