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Brasil negocia apoio de empresas aéreas para retirada no Líbano

Governo quer acelerar a retirada de brasileiros com aeronaves comerciais e, também, tentar embarcar pessoas diretamente de Damasco

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro começou uma negociação com empresas aéreas para ampliar a quantidade de vôos saindo do Oriente Médio com brasileiros que hoje estão no Líbano. Na quinta-feira, a Varig - recém comprada pelo grupo Volo - ofereceu ajuda, apesar de não estar dando conta de seus próprio vôos. O Itamaraty informou, ainda, que recebeu ofertas de empresas estrangeiras e está conversando com as demais empresas brasileiras. Os dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) que irão trazer os brasileiros têm programadas duas viagens cada um: no domingo e na segunda-feira e nas próximas quarta e quinta-feira, trazendo 460 pessoas. O governo brasileiro quer acelerar essa retirada com as aeronaves comerciais e, também, tentar retirar pessoas diretamente de Damasco (Síria), para onde devem ir a maior parte dos cerca de mil brasileiros que estão no Vale do Bekaa. A situação desses brasileiros é a mais complicada. A embaixada do Brasil em Damasco tentou levar 20 ônibus com 50 lugares até o Líbano e retirar os brasileiros. Líderes comunitários da região chegaram a ser mobilizados para organizar a retirada, mas os motoristas se recusaram a fazer a viagem alegando falta de segurança. O governo brasileiro tenta encontrar outra solução. A intenção é levar essas pessoas até Damasco, de alguma forma, e de lá retirá-las diretamente para o Brasil. "Enviamos mais três diplomatas para Damasco. Estamos contatando igrejas, mesquitas e recebendo ajuda do governo sírio porque precisamos alojar essas pessoas", explicou o embaixador Everton Viera Vargas, que está coordenando o esforço de retirada dos brasileiros do Líbano. Um ônibus com 51 pessoas saiu na manhã desta sexta-feira de Beirute e outro, com 45 brasileiros, de Damasco (Síria), para Adana, na Turquia. No sábado, outros três ônibus sairão de Beirute com 144 brasileiros também para Adana. Esse grupo deverá embarcar para o Brasil no domingo e na segunda-feira. Dificuldades Também nesta sexta-feira, o Consulado Geral do Brasil em Beirute teve dificuldades de formar um comboio de três ônibus, como estava sendo programado. "Nosso consulado ligou para centenas de pessoas, mas a maioria não quis embarcar por conta da calmaria no bombardeio da cidade. Nessa madrugada os ataques recrudesceram e mais pessoas quiseram sair", contou o embaixador. De acordo com o embaixador, o Brasil também aceitou a oferta do governo canadense de 50 vagas em um navio que deverá sair hoje de Beirute em direção a um porto na Turquia, a 45 quilômetros de Adana. Em Amã (Jordânia), a situação dos 60 brasileiros que procuraram a embaixada também está praticamente resolvida. A embaixada conseguiu endossar os bilhetes aéreos de 57 deles, que já estão voltando ao País. Outros três ainda devem ser levados para Damasco. Nessa madrugada, os bairros em que fica o prédio da embaixada brasileira em Beirute e onde está o consulado geral foram bombardeados. O consulado está sem luz e o trabalho foi transferido para a casa do cônsul-geral, onde há um gerador. Mais de 300 pessoas, a maioria civis, morreram no Líbano desde o início dos ataques de Israel contra alvos do Hezbollah no país, no último dia 12. Destes, sete são brasileiros. Segundo estimativas do Consulado do Brasil no Líbano, 70 mil cidadãos brasileiros residem no país. As ações do Itamaraty fazem parte de uma megaoperação que começou nesta sexta para retirar cerca de 1.300 brasileiros da região do conflito no Oriente Médio. Na terça-feira à noite, dia 18, após 14 horas de vôo, 85 brasileiros que estavam no Líbano conseguiram chegar ao Brasil, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos. Para sair do país, eles lotaram um ônibus que foi escoltado pelo exército do Líbano até a fronteira com a Síria. De lá, o veículo seguiu para a Turquia, onde os passageiros foram embarcados em um avião da FAB para Recife e de lá para São Paulo.

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