
17 de julho de 2017 | 16h08
Em nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira, 17, o governo brasileiro exortou as autoridades venezuelanas a cancelarem a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, alegando que suas regras violam o direito ao "sufrágio universal" e o próprio princícipo da "soberania popular".
De acordo com o texto do Itamaraty, o Brasil considera que o elevado nível de participação no plebiscito organizado pela oposição pela Assembleia Nacional ontem, no país, foi uma mostra "inequívoca" da vontate dos venezuenalos de "pronta restauração do estado democrático de direito no país". "(O governo) condena o incidente provocado por forças paramilitares na zona oeste de Caracas, com morte e feridos", afirma a nota.
Durante o plebiscito de domingo, uma mulher morreu e outras três pessoas ficaram feridas quando homens de motocicletas atiraram em opositores que votavam no oeste de Caracas. O ataque, que terminou com a morte de Xiomara Soledad Scott, de 61 anos, aconteceu em um centro de votação no popular bairro de Catia.
A nota do Itamaraty pede a restauração das competências da Assembleia Nacional, o "usufruto pleno das liberdades públicas e a libertação de todos os presos políticos". "O Brasil espera que a vontade popular expressa na consulta inspire a busca de uma negociação efetiva a favor da paz e da democracia na Venezuela."
Mais de 7 milhões de venezuelanos votaram no domingo em um referendo não oficial realizado pela oposição para pressionar o presidente Nicolás Maduro e repudiar seu plano de alterar a Constituição do país. O governo planeja eleger uma Assembleia Constituinte no dia 30. O plebiscito simbólico teve como objetivo atacar a legitimidade do líder chavista em meio a meses de protestos contra o governo que já deixaram quase 100 mortos.
Resultados da consulta popular mostram que 98,4% dos participantes (6.387.854 pessoas) dos 7,2 milhões que votaram rejeitam a formação da Assembleia Nacional Constituinte.
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