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Brasil pode ter papel no processo de paz, dizem líderes palestinos e de Israel

Representantes ressaltam 'influência crescente' do país na política internacional.

Por Guila Flint
Atualização:

O Brasil pode desempenhar um papel importante no processo de paz do Oriente Médio, afirmaram à BBC Brasil representantes do governo de Israel e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), às vésperas da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região, neste domingo. Tanto o porta-voz do premiê israelense Binyamin Netanyahu, Mark Regev, quanto o porta-voz do governo palestino, Ghassan Hatib, disseram que a influência internacional do Brasil é "crescente". "O Brasil é um país muito importante e pode vir a ter uma função no processo de paz. O primeiro ministro Netanyahu já disse que quando as negociações forem retomadas o Brasil poderá, por exemplo, participar em uma das equipes de negociação", afirmou o porta-voz israelense à BBC Brasil. Para Hatib, além da importância internacional "em todos os assuntos", o Brasil é "o líder da América Latina". "Consideramos que o Brasil pode ser um mediador honesto no conflito (entre Israel e palestinos)", disse Hatib. Além dessa possível entrada no processo de paz do Oriente Médio, representantes de Israel devem pedir a Lula, nesssa primeira visita de um presidente brasileiro a Israel e aos Territórios Palestinos, que apoie sanções contra o Irã. Discurso no Knesset Já os palestinos querem que o presidente brasileiro ajude a pressionar o governo de Israel a congelar a expansão dos assentamentos. Lula deverá iniciar a visita em Israel, onde se encontrará com os principais lideres do país e deverá fazer um discurso no Parlamento, o Knesset. Na terça feira, dia 16, irá aos Territórios Palestinos e deverá pernoitar na cidade de Belém. De acordo com um roteiro preliminar, no dia 17, quarta feira, Lula deverá visitar a cidade de Ramallah, na Cisjordânia e depois partirá para a Jordânia, para um encontro com o rei Abdallah. "Por ser a primeira vez, a visita tem uma grande importância simbólica", disse à BBC Brasil o porta-voz israelense, Regev. "Para nós esta é uma visita histórica e esperamos utilizar esta oportunidade para estreitar a cooperação bilateral entre os dois países em todos os aspectos - comércio, cultura e tecnologia", afirmou. Diferenças políticas Além da cooperação bilateral, os lideres israelenses pretendem aprofundar o diálogo politico com o governo brasileiro e nesse aspecto há divergências entre as partes. O Brasil não apoia a imposição de sanções ao Irã e defende o caminho do diálogo para convencer o país a não desenvolver armamentos nucleares. O governo brasileiro também condenou os planos de Israel de construir novas casas em Jerusalém Oriental. "Pretendemos apresentar ao presidente Lula o nosso ponto de vista sobre as diversas questões politicas", disse Regev. "Israel acha que o Conselho de Segurança da ONU deve aplicar sanções significativas para levar o regime iraniano a congelar seu projeto nuclear", afirmou, "as sanções devem ter 'dentes'". O primeiro ministro Netanyahu já chegou a dizer que as sanções contra o Irã devem ser "paralisantes". Ocupação israelense Já para os palestinos a questão mais importante é a ocupação israelense. "Esperamos que a visita proporcione ao presidente Lula um entendimento mais amplo do conflito", disse à BBC Brasil o palestino Hatib. "Nossa expectativa é de que, ao ver de perto a realidade concreta da vida dos palestinos, o presidente Lula possa obter mais instrumentos para agir, juntamente com a comunidade internacional, para convencer Israel a parar a expansão dos assentamentos e outras violações da lei internacional", afirmou Hatib, "e só assim será possivel iniciar negociações significativas". De acordo com os planos da visita, o presidente Lula irá pernoitar na cidade palestina de Belém, onde poderá ver de perto o muro que Israel construiu na Cisjordânia, os assentamentos que cercam a cidade e os campos de refugiados palestinos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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