Brasil pode ter vaga no Conselho de Segurança da ONU

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A aspiração do Brasil de ocupar um cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas ganhou um reforço fundamental com a decisão do Reino Unido de restaurar a credibilidade do organismo multilateral, seriamente abalada com a guerra no Iraque. O governo britânico está iniciando uma ofensiva diplomática para expandir de 15 para 24 cadeiras a composição do Conselho de Segurança para tornar o organismo "mais representativo do mundo atual". Londres já manifestou publicamente o seu apoio para a inclusão da Alemanha, India e Japão. Além disso, a América Latina e a África também indicariam um representante para cada região. O Reino Unido vai também sugerir a criação de um novo organismo na ONU para combater a proliferação de armas. Embora não tenham até o momento dado o seu apoio explícito à inclusão do Brasil, autoridades britânicas em contatos recentes com representantes do governo brasileiro tem sinalizado que consideram o Brasil como "o candidato proeminente" para integrar o conselho representando a América Latina. Há uma expectativa que os encontros que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá manter com o primeiro-ministro Tony Blair durante a reunião do G 8, no início de junho na França, e em Londres em julho, poderão resultar no apoio britânico ao Brasil. A França e a Rússia, dois outros integrantes permanentes do Conselho de Segurança, defenderam recentemente a inclusão brasileira na principal instância decisória das Nações Unidas. Fontes do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido revelaram à Agência Estado que o governo britânico vai mesmo sugerir a inclusão de um representante da América Latina, mas sem um apoio explícito ao Brasil. "Mas é óbvio que vemos a entrada do Brasil com bons olhos", disse. "Sinal verde de Washington" Para o embaixador brasileiro no Reino Unido, José Maurício Bustani, a iniciativa britânica de reforçar as Nações Unidas é um fator "muito importante" para o Brasil. "O governo brasileiro é visto hoje como um interlocutor muito importante no cenário mundial e a nossa expectativa é que o apoio explícito do governo britânico à nossa entrada no Conselho de Segurança irá ocorrer", disse Bustani. Ele salientou que a atitude britânica indica também que os Estados Unidos também apoiam a expansão do Conselho de Segurança. "O Reino Unido é o principal aliado dos Estados Unidos e certamente Washington deve ter dado o sinal verde para a ampliação do conselho, o que representa um desdobramento muito importante". Segundo Bustani, a iniciativa de reforçar a ONU é "emblemática dos esforços de Blair de priorizar o multilateralismo" O secretário do ministério das Relações Externas do Reino Unido responsável pela América Latina, Bill Rammell disse ao The Guardian que o impasse sobre o Iraque foi agravado pela inexperiência de alguns membos do Conselho de Seguranca. Ele alertou, no entanto, que a expansão do número permanente de países integrantes do conselho poderia resultar em maiores dificuldades se cada um deles receber o direito de veto. "O que precisamos é de continuidade", afirmou Rammell. "Um número de países que não integram o conselho há um bom tempo nem sempre têm a experiência necessária para lidar temas muitos difíceis. Para que a ONU seja séria, ela tem que estar preparada para enfrentar alguns assuntos sérios." Rammell, que manteve uma série de reuniões com autoridades brasileiras na semana passada em Brasília, afirmou que "o Iraque não matou as Nações Unidas, ela permanece relevante". Mas admitiu que há uma percepção geral equivocada de que o organismo está paralisado desde o conflito no Golfo. Segundo ele, desde a resolução sobre o Iraque, aprovada em novembro do ano passado, foram aprovadas trinta outras resoluções". O secretário britânico observou que a ONU tem que ser mais eficiente, informando que 36 000 programas do organismo foram iniciados mas nunca interrompidos. "Eles desenvolvem uma via própria, mesmo que não seja necessário", disse Rammell.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.