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Brasil recebe documentos ligando Bin Laden a atentados

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro recebeu das mãos do embaixador interino dos Estados Unidos no Brasil, Christobal Orozco, documentos que podem ligar o milionário saudita Osama Bin Laden aos atentados ocorridos em 11 de setembro. O embaixador já esteve reunido com os ministros da Defesa, Geraldo Quintão, das Relações Exteriores, Celso Lafer, e com o ministro-chefe do gabinete de segurança institucional, general Alberto Cardoso. De acordo com Lafer, são informações bastante precisas, obtidas a partir de ações de inteligência norte-americana. Em nota oficial, o ministro Quintão afirma que os documentos apresentados pela embaixada norte-americana estabelecem uma interligação entre os atentados e os ocorridos contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, e ao navio US Cola, no Iêmen. Ressaltam a semelhança na forma de atuação dos autores nos diversos atentados. Orozco também teria mostrado documentos que revelam uma rede de financiamento internacional ao grupo terrorista Al-Quaeda, comandado pelo milionário saudita Osama Bin Laden. O ministro Celso Lafer foi menos específico, declarando apenas que teve uma conversa com o embaixador norte-americano, na qual teriam sido expostas as ligações entre Bin Laden e o governo do Afeganistão. "Foi uma exposição oral, mas que apresentou, de maneira bastante clara, a conexão entre o Al-Quaeda e o governo afegão". Lafer não acredita, contudo, que o mundo venha a viver um estado de guerra abrangente, envolvendo diversos países. "Eu acredito mais na possibilidade de uma ação militar circunscrita contra o Al-Qaeda e Bin Laden." Nesta quinta-feira, Lafer participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara e foi bastante questionado pelos deputados sobre a autorização para a abertura de um escritório do Serviço Secreto Americano em São Paulo e a ressuscitação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca - TIAR. Elaborado em 1947, durante o período da Guerra Fria, o tratado afirma que a agressão a um dos países da América representa uma agressão a todo o continente. "O TIAR é um instrumento de guerra, não de investigação", reclamou o deputado federal Milton Temer (PT-RJ). Para o deputado Luiz Eduardo Greenghalg (PT-SP), não faz sentido uma reunião para reativar o TIAR sem a presença do ministro da Defesa, Geraldo Quintão - a decisão foi tomada após uma reunião no Ministério das Relações Exteriores com embaixadores latino-americanos. "A presença do ministro Quintão daria a conotação errada de que o governo brasileiro está disposto a entrar em um conflito armado, o que não é verdade", rebateu Lafer. Quanto às críticas sobre a abertura do escritório da US Service Secret em São Paulo e de que isso feriria a soberania nacional, Lafer reafirmou que o pedido do governo norte-americano é anterior aos atentados. A medida baseia-se em uma ação de reciprocidade, pois existem funcionários da Receita Federal e do Ministério da Fazenda no consulado brasileiro em Nova York investigando falsificação e lavagem de dinheiro - mesmo campo de atuação do serviço secreto americano. "Nós saberemos os nomes dos agentes americanos e todas as suas ações serão tomadas dentro das nossas leis", garantiu.

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