Brasil reforça policiamento na Tríplice Fronteira

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Por Agencia Estado
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O governo brasileiro decidiu reforçar o policiamento da Tríplice Fronteira, entre a Argentina e Paraguai, mesmo não tendo ainda provas concretas da existência de células terroristas na região. Neste fim de semana, a Polícia Federal criou um núcleo de Polícia Marítima em Foz do Iguaçu (PR). Apesar disso, as investigações estão centralizadas nas movimentações financeiras feitas na região, depois que as autoridades paraguaias concluíram a análise de documentos apreendidos em Ciudad del Este que mostram o envio de dinheiro para o Oriente Médio por um árabe residente em Foz do Iguaçu. O principal suspeito das autoridades paraguaias é o libanês Assad Ahmad Barakat, com quem foram achados documentos mostrando uma suposta ligação com o grupo Hezbollah. O libanês também chegou a ser investigado pela PF, que nada encontrou que pudesse incriminá-lo no País. A decisão dos procuradores paraguaios de anunciar a descoberta irritou os policiais brasileiros que trabalham na ação antiterror, na Tríplice Fronteira. "Se ele tinha alguma coisa para esconder de nós, depois das notícias veiculadas, não terá mais", ironiza um integrante do setor de inteligência. Segundo fontes da PF, até hoje o Paraguai não enviou ao Brasil nenhum documento relacionados à apuração de terrorismo na região. Isso vem prejudicando as investigações dos brasileiros. O assunto será debatido na sexta-feira, no Uruguai, durante a reunião dos ministros da Justiça de todos os países do Cone Sul. O ministro brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, vai reiterar, durante o encontro, que a fronteira brasileira está muito bem vigiada e que, até agora, nenhuma informação concreta foi obtida sobre a presença de pessoas ligadas ao terrorismo. Aloysio pedirá ainda que, se algum órgão dispuser de dados concretos, que os apresente para que o governo brasileiro possa investigar. Novas medidas para aumentar a segurança na região poderão ser adotadas depois da reunião. O que existe na região, insistirá o ministro, são muitos descendentes de árabes que enviam dinheiro para seus familiares em seus países de origem. O ministro reconhecerá, no entanto, as desconfianças de que os recursos possam ser usados para financiar o terrorismo. Mas até agora nada foi comprovado. Na semana passada, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, admitiram, pela primeira vez, desde os atentados de 11 de setembro, a possibilidade de residentes na região estarem envolvidos em operações de financiamento do terrorismo internacional. No encontro, Aloysio Nunes vai falar também sobre as medidas adotadas pelo Brasil para combater o terrorismo, particularmente na região da Tríplice Fronteira, inclusive sobre a criação do núcleo especial de polícia marítima para patrulhar o lago de Foz do Iguaçu e os principais rios locais, principalmente o Paraná. O objetivo do novo núcleo é auxiliar na segurança da área, considerada um dos pontos de maior vulnerabilidade do País e uma das grandes preocupações do governo norte-americano. Quatro lanchas foram destacadas para a região, em busca de movimentações clandestinas que possam ter qualquer ligação com narcotráfico ou terrorismo. O ministro da Justiça brasileiro informará ainda que a Polícia Federal tem feito incessantes vistorias na área, e a prova disso é que tem sido grande a apreensão de drogas. No último sábado, por exemplo, os agentes PF apreenderam 600 quilos de maconha. Nos últimos seis meses, a delegacia regional da PF em Foz apreendeu 17 toneladas de drogas, principalmente maconha e cocaína.

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