Brasil vive momento de reconhecimento, diz embaixadora na ONU

Segundo Maria Luiza Viotti, Brasil teve uma atuação intensa e importante durante o mês que presidiu o Conselho de Segurança da ONU.

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Por Camila Viegas-Lee
Atualização:

Ao lado de Ban Ki-moon, Maria Luiza Viotti discursa durante reunião da ONU Ao passar a presidência rotativa do Conselho de Segurança para a China nesta sexta-feira, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que o país obteve reconhecimento por sua atuação no mês em que comandou o órgão. "Este é um momento muito bom para nós porque há um reconhecimento pelo trabalho que o Brasil fez num mês muito intenso, de desafios inesperados, que já previa uma agenda carregada e que ficou ainda mais sobrecarregada com os temas que surgiram", disse a embaixadora. Viotti fazia referência à aprovação das sanções contra Líbia, à questão da disputa de fronteiras entre Tailândia e Camboja e à resolução (não aprovada) sobre os assentamentos israelenses em território palestino. "Houve também uma sensação geral de que o conselho foi muito produtivo. Os trabalhos resultaram em resoluções ou pronunciamentos do conselho extremamente importantes." Ressalva Segundo a embaixadora, o Brasil resolveu aprovar as sanções contra o regime do líder líbio, Muamar Khadafi, mesmo apresentando ressalvas. Tal postura se difere da adotada no período anterior em que o Brasil ocupou a presidência do conselho, em março de 2005. Na época, o Brasil se absteve na votação que acabou aprovando uma resolução que remetia a crise em Darfur, no Sudão, ao Tribunal Penal Internacional (TPI). A alegação foi a de o Brasil era contra um dispositivo que previa imunidade a combatentes de determinados países, já que isso abriria caminho para a imunidade. Já na votação da semana passada, a respeito da Líbia, o Brasil votou a favor das sanções, mesmo apresentando ressalva quanto um parágrafo apresentado pelos Estados Unidos, semelhante ao dispositivo polêmico no caso de Darfur. Questionada sobre a atuação do país nas duas ocasiões, a embaixadora disse que desta vez os brasileiros não consideraram se abster. "Estávamos empenhados nesse esforço de que o conselho de manifestasse de uma forma unida, unívoca, e com uma sinalização muito forte", disse. "Em função da importância do tema e de uma manifestação consensual do conselho, optamos por fazer uma reserva (ao parágrafo apresentado pelos EUA) por meio de uma explicação de voto. Acho que ficou bastante clara e foi bem entendida por todos." Consenso Segundo Viotti, durante toda a negociação sobre a Líbia o Brasil procurou aproximar as posições e construir um consenso. "E acho que isso foi reconhecido por todos", disse a embaixadora, acrescentando que a reserva feito pelo Brasil foi compartilhada por outros países, como Índia, Portugal, França e Alemanha. A embaixadora diz que ainda não há discussões no conselho sobre intervenções na Líbia. "Todos os membros estão muito focalizados na implementação da resolução, que tem elementos importantes como o embargo de armas, congelamento de ativos, proibição de viagens e o próprio envio da situação da Líbia ao TPI." Viotti também tratou da possibilidade do presidente americano, Barack Obama, apoiar o Brasil como membro permanente do conselho durante sua viagem ao país. "Achamos que se consiga um grau de apoio bastante amplo. São muito encorajadoras as manifestações dos Estados Unidos em relação ao papel que o Brasil tem desempenhado no cenário internacional", disse a embaixadora. "Nós sentimos aqui uma impressão favorável." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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