Brasileiras correm para evitar quarentena obrigatória em hotéis no Reino Unido

Medida foi confirmada pelo governo britânico e começa a valer em 15 de fevereiro

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Por Bruna Emy Camargo
Atualização:

O anúncio do governo britânico de que viajantes de 33 países, incluindo o Brasil, passariam por quarentena obrigatória em hotéis fez com que brasileiras corressem para adiantar voos de retorno ao Reino Unido. A medida já era especulada pela mídia britânica havia alguns dias, mas foi confirmada pelo Departamento de Saúde e Assistência Social britânico apenas na sexta-feira, 5, e passa a valer a partir do dia 15.

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A criadora de conteúdo digital Fernanda Guimarães, de 27 anos, veio ao Brasil com o marido para passar as festas de fim de ano com a família. Quando o país fechou a fronteira para voos diretos com o Reino Unido, em 24 de dezembro, Fernanda decidiu prolongar a estadia para aproveitar as férias. Porém, pelo Instagram, ela começou a receber mensagens sobre os rumores de quarentena obrigatória em hotéis.

Com o voo remarcado para 9 de fevereiro, Fernanda ficou de olho nas notícias até que se assustou com o pronunciamento do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em 27 de janeiro, no qual ele falava sobre a medida que seria tomada. “Ficamos bem agoniados”, lembra. “Apesar da notícia, não sabíamos em que data entraria em vigor. Ficamos com receio de que 9 de fevereiro seria tarde demais.”

Fernanda Guimarães precisou remarcar a data algumas vezes antes conseguir o voo de São Paulo para Londres Foto: Arquivo Pessoal/Fernanda Guimarães

Fernanda e o marido apressaram-se em fazer o teste PCR e remarcaram o voo para 2 de fevereiro, com escala em Madri. “Foi bem tenso chegar aqui (em Londres). O voo estava bem lotado, com muitos brasileiros e muita verificação de documentos”, diz. Chegando no Reino Unido, foi preciso 1h30 na fila para cumprir todo o procedimento, o que ela considera ter sido rápido, dada a quantidade de pessoas.

Agora Fernanda terá de cumprir 10 dias de quarentena. “Já recebemos mensagem e ligação do governo explicando as regras e dando todos os passos”, conta, feliz por poder ficar em casa.

O estresse foi um pouco maior para Fernanda Bispo, de 35 anos. Moradora de Londres há quase 12 anos, a gerente de vendas decidiu aproveitar o tempo extra no Brasil, já que havia a flexibilidade do home office. “Sem pressa para voltar, vou curtir sol, calor e família. Afinal, quando vou ter essa oportunidade de novo?”, animou-se.

Há aproximadamente duas semanas, Fernanda começou a se preocupar com os rumores da quarentena obrigatória e recorreu aos amigos que trabalham em hotéis no Reino Unido para checar a informação. Porém, foi apenas após o anúncio de Johnson que ela começou a planejar o retorno imediato para casa.

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“Comprei uma passagem para o sábado, 6 de fevereiro. Mas me deu um pânico e tentei mudar a data. Segunda, terça e quarta-feira estavam com voos cheios e vi que ia acontecer mesmo, todo mundo estava querendo ir embora. Consegui para quinta-feira, 4, com escala em Madri”, conta. “Entendo eles terem de fazer isso, mas foi o medo de não terem dado uma data. Quando eu vi que confirmaram o 15 de fevereiro, eu já estava no aeroporto.” Fernanda diz que seus amigos que estavam em viagem também estão correndo para chegar em Londres. “Ninguém quer ficar trancado em um hotel.”

Voos remarcados três vezes

Já a publicitária Flávia Rocha, de 31 anos, precisou mudar de companhia aérea e remarcar o voo três vezes para conseguir voltar para o Reino Unido. “Meu voo teria escala em Portugal, mas assumi que ele seria cancelado quando as fronteiras foram fechadas. Não tive assistência da companhia aérea e precisei comprar outra passagem”, explica Flávia.

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Com o voo marcado para 8 de fevereiro, a brasileira começou a ver cada vez mais notícias sobre a quarentena obrigatória em hotéis. “Pelo histórico do governo, imaginei que demoraria umas duas semanas para isso se confirmar, então eu sabia que precisava antecipar meu voo”, conta.

A primeira remarcação foi para 1º de fevereiro, mas ela faria uma escala em Amsterdã e a Holanda havia fechado a fronteira com o Reino Unido. A companhia alterou a data para dia 3, mas o teste PCR, obrigatório para a entrada no país, não ficou pronto a tempo. Por fim, ela conseguiu marcar o retorno para 4 de fevereiro, com escala em Paris. “Foi complicado, mas deu tudo certo.”

Aeroporto de Heathrow, em Londres Foto: TOBY MELVILLE|REUTERS

As três brasileiras relataram a rigidez na checagem de documentos quando se chega ao Reino Unido. Ter passaporte britânico ou europeu não faz diferença – todos vão para a mesma fila para se apresentarem aos oficiais. São exigidos o teste PCR negativado, o comprovante de residência e um formulário do governo, o locator form. Elas ainda relatam que pessoas vindas de algum dos 33 países na lista de proibição de viagens são direcionadas para outra sala, para rechecagem de documentação.

“Olham tudo e perguntam por que você viajou, por que está voltando. Mas, comigo, foram bastante educados e ficavam falando que eu não estava fazendo nada errado porque, geralmente, quando te mandam para aquela sala é porque vão te deportar”, brinca Fernanda Bispo. “Eles só precisavam verificar se estava tudo certo.”

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Para Flávia, é importante que os viajantes cheguem ao aeroporto munidos de informações oficiais. “Senti muito despreparo. Vi pessoas reclamando na fila, mas é preciso se preparar. Minha dica é, se vão retornar, o melhor lugar para checar o que é preciso é o site oficial do governo britânico. Também recomendo levar todos os documentos impressos, não dá para depender da internet do aeroporto.”

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Pessoas com conexões domésticas não precisarão fazer a quarentena no hotel a cada ponto de parada, mas mesmo quem já teve o vírus ou já tomou a vacina terá de se submeter ao isolamento, aponta o The Independent. Ainda segundo o jornal, o secretário de transportes, Grant Shapps, descartou a possibilidade de assistência financeira do governo, o que implica no pagamento das despesas de hospedagem pelo próprio viajante.

De acordo com o governo britânico, mais detalhes sobre como os passageiros poderão fazer reservas nas acomodações designadas serão definidos na próxima semana. Não há previsão de término dessa nova medida.

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