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Brasileiro que chefiará comissão da ONU diz esperar colaboração da Síria

Paulo Sérgio Pinheiro chefiará comissão para investigar denúncias contra o regime sírio, cuja criação foi aprovada pela ONU em agosto.

Por João Fellet
Atualização:

Nomeado nesta segunda-feira para chefiar uma comissão que investigará violações de direitos humanos por forças de segurança na Síria, o diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro diz esperar que Damasco colabore com o grupo. "Nesses anos todos, sempre tenho repetido aos Estados: é muito melhor colaborar, para que tenham sua voz refletida no relatório, do que não colaborar", afirmou ele à BBC Brasil. O envio de uma comissão para investigar denúncias de torturas, agressões e mortes de manifestantes (em sua maioria pacíficos) contrários ao regime do líder sírio, Bashar Al-Assad, foi aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 23 de agosto. Segundo a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, mais de 2.600 pessoas foram mortas no país nos últimos seis meses em protestos pela renúncia de Assad, cuja família está no poder há 41 anos. De acordo com Pinheiro, a comissão de inquérito deve se reunir nos próximos dias em Genebra para definir como atuará e iniciar negociações com o governo Assad sobre uma visita à Síria. Em abril, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução em que pediu o envio de uma missão para investigar supostos crimes cometidos pelas forças de segurança sírias. No entanto, Damasco jamais aceitou receber a missão investigativa. Para o diplomata, porém, "a conjuntura hoje é outra". Ele afirma que a nova comissão, que tem atribuições mais amplas que a anterior, deve investigar os confrontos ocorridos entre março e os dias atuais. Relatório Segundo ele, as investigações resultarão num relatório que deve ser apresentado até o fim de novembro. Os especialistas pretendem reunir provas, fazer recomendações e apontar os responsáveis pelas violações de direitos humanos. Pinheiro, que também é pesquisador e professor universitário, disse ainda avaliar que o Brasil está "desempenhando um papel relevante" ao lado de outros países no sentido de buscar uma solução para os conflitos na Síria. Além do brasileiro, que em 2007 foi relator especial da ONU sobre os direitos humanos em Mianmar, integrarão a comissão o turco Yakin Erturk, ex-relator especial da ONU sobre violência contra mulher, e a americana Karene Abu Zeid, ex-comissária-geral de Ajuda e Trabalho da organização. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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