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Brasileiro suspeito de conexão com Hezbollah é denunciado nos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

O brasileiro Saleh Hage, 37 anos, foi denunciado nesta segunda-feira às autoridades americanas. Ele desapareceu há cerca de três meses, mas deixou uma testemunha que teria visto fotos suspeitas do imigrante brasileiro no que parece ser um campo de treinamento terrorista no Líbano. Saleh Hage é filho de imigrantes libaneses no Brasil. Ele pediu asilo político aos Estados Unidos em agosto de 2000, dizendo-se vítima da violência em São Paulo. Desembarcou no aeroporto de Newark, em Nova Jersey, com o filho, Rafael, de 7 anos de idade. Enquanto o processo de asilo político estava em andamento, Saleh Hage foi entregue à custódia de Francisco Sampa, presidente da Baua, uma associação de imigrantes brasileiros em Newark. Ele ficou por duas a três semanas hospedado na Baua. Foi nesse período que Sampa descobriu fotos que poderiam ligar Hage ao grupo Hezbollah. Quando viu as fotos no ano passado, Sampa não deu muita importância, mas depois do atentado terrorista ao World Trade Center, ele achou que a informação poderia ajudar o governo norte-americano na busca dos grupos envolvidos no ataque. Nesta segunda-feira, Sampa foi fazer seu relato às autoridades americanas. Segundo Sampa, eram cerca de 12 fotos que "mostravam Hage e mais dois homens num deserto que poderia ser um campo de treinamento para terroristas, com armas pesadas, como metralhadoras antiaéreas, tipo ponto 30 e ponto 50. Essas metralhadoras têm capacidade para atirar entre 3 e 6 mil balas por minuto contra aviões. Em outras fotos ele carregava uma pistola de 9 ou 14 mm e metralhadoras russas tipo kalishnikov. Havia também uma foto de Hage com os amigos em frente a uma bandeira do Hezbollah" disse. O presidente da Baua não tem essas fotos com ele, mas fez a descrição do que viu para o departamento de imigração americano. O fato de Francisco Sampa ter visto fotos de Saleh Hage com armas pesadas num deserto e em frente a bandeira do Hezbollah não prova que ele tenha alguma associação com os grupos terroristas responsáveis pelos atentados a Nova York e Washington. Mas, para Sampa, a história dele merece ser investigada. Sampa relembra que "ao chegar a Nova Jersey, Hage disse para as autoridades americanas que era dono de um lava-carros na Avenida Paraguaçu, em Arthur Alvim, em São Paulo e que havia presenciado cerca de cinco crimes naquela região. Disse que os criminosos, sabendo que ele era uma testemunha fundamental da polícia, começaram a lhe fazer ameaças de morte. Foi quando fugiu para tentar asilo político nos Estados Unidos. O que é estranho nessa história é que, mesmo lhe sendo prometido um visto temporário para ficar no país, Hage decidiu abandonar a oferta americana e foi procurar asilo na Inglaterra". A Inglaterra não o aceitou e o mandou de volta para Newark. Depois de voltar a Newark ele fez outra viagem para Utah, isso tudo acompanhado pelo filho de sete anos. "Não é o perfil de quem está procurando estabilidade para criar um filho". Sampa não vê Saleh Hage há mais de três meses. Ele disse que "Hage saiu sem deixar vestígios. Não disse para onde ia nem o que pretendia fazer" e acrescentou: "Havia alguma coisa muito estranha com aquele rapaz. Ele era um tipo calado, até tímido, mas cansei de ver ele brigando com o filho e até batendo no menino. Eles sempre brigavam em árabe". Outro detalhe denunciado por Sampa às autoridades americanas é que, enquanto estava hospedado na Baua, Hage recebeu alguns telefonemas de familiares no Líbano. Ele não sabe o que discutiram "porque a conversa era sempre em árabe", disse.

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