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Brasileiros ajudam na recuperação do Japão

Para voluntários, japoneses precisam mais de apoio emocional que material

Por Ewerthon Tobace
Atualização:

TÓQUIO - Desde que o Japão foi atingido pelo pior terremoto seguido de tsunami da história, em 11 de março do ano passado, os brasileiros que vivem no país têm participado ativamente na recuperação do país. No próximo domingo, quando os japoneses lembram um ano da tragédia, um grupo de cerca de 50 brasileiros vai participar de uma missa em frente à Embaixada do Brasil em Tóquio e, de lá, segue para Sendai, capital da província de Miyagi. "Vamos acender uma tocha e cerca de 100 lanternas de bambu que representam a força que os brasileiros querem levar para os sobreviventes e também nossas lágrimas pelos que se foram", explicou à BBC Brasil um dos líderes do movimento, o empresário Norberto Shinji Mogi, 48. Em Sendai, os brasileiros também plantarão três mudas de ipê roxo e um de pinheiro do Paraná. "Vamos também levar um pouco da música brasileira", completou. Desde o terremoto, Mogi já foi oito vezes à região litorânea das províncias de Miyagi e Iwate para ajudar como voluntário. Ele tem uma empresa da área de construção civil na capital japonesa e levou funcionários e equipamentos para ajudar na limpeza das cidades. "Os japoneses já não precisam mais de ajuda material, mas precisam muito da ajuda emocional", disse Mogi. Por isto, ele não pensa em parar de fazer visitas periódicas à região. 'Amizades'

 

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"Fiz algumas amizades com moradores locais e eles perceberam que estamos realmente preocupados e que estamos fazendo as ações de coração", contou o brasileiro. Mogi diz acreditar que o tsunami mudou não só a vida de quem perdeu tudo, mas de toda a população japonesa e também dos estrangeiros que vivem no país. A cantora Sabrina Hellsh, 31, concorda. Ela já foi à região atingida seis vezes para fazer pequenas apresentações de música japonesa e brasileira e, em fevereiro deste ano, começou uma jornada por várias províncias japonesas para aprender mais sobre a música local. "Tomei essa decisão depois do tsunami. Vi que as vítimas estão fortes e mantém a cabeça erguida e, no fundo, somos nós voluntários que acabamos aprendendo com eles uma verdadeira lição de vida", opinou. Na maioria das moradias provisórias vivem idosos. "A gente fica com dó, mas um pescador explicou o motivo: os jovens foram para outras cidades para trabalhar; as crianças foram para onde tinha escola e o restante ficou para ajudar na reconstrução das vilas para receber o restante da família que se mudou de volta o mais breve possível", relembrou a cantora brasileira. "Achei isso muito prático e mostra como os japoneses são organizados." A esteticista Priscila Yoshimoto, 30, também teve uma experiência como voluntária recentemente. Foi fazer massagem e também as unhas das japonesas. "Foram dois dias intensos, mas em nenhum momento me senti cansada. Estava feliz por poder ajudar de alguma forma aquelas pessoas", contou. A brasileira, de Anápolis (GO), chegou ao Japão alguns dias antes do terremoto, mas diz que em nenhum momento pensou em voltar para o Brasil. "Com essa tragédia aprendi que não podemos reclamar nunca da vida que temos e, a cada dia, os japoneses nos dão uma lição de organização e muita força de vontade para reconstruir tudo o que perderam", disse Priscila. Um ano O terremoto de 9 graus de magnitude atingiu a região nordeste do Japão em março do ano passado. Cerca de 20 minutos depois, ondas de até 40 metros de altura varreram tudo o que tinha pela frente. Segundo dados da polícia, cerca de 15 mil pessoas morreram e outras 3 mil continuam desaparecidas. A tragédia se agravou depois que as ondas gigantes atingiram a usina nuclear de Fukushima, causando um acidente nuclear. Mais de 80 mil família foram obrigadas a deixar suas casas num raio de 30 quilômetros de distância da planta. No domingo, diversas cerimônias em todo o país devem lembrar as vítimas da tragédia que mais matou pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.

 

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