Brasileiros dos 2 lados do conflito israelense-palestino relatam medo

Paulista que vive no sul de Israel diz que últimos dias têm sido difíceis; carioca moradora de Gaza fala em 'martírio'

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Por BBC Brasil
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"Dias difíceis" Do outro lado do conflito, a 14 km de Gaza, se encontra o brasileiro Leonardo Mandelbaum, de 57 anos. Mandelbaum, que mora na cidade de Ashkelon, diz à BBC Brasil que os últimos dias "têm sido muito difíceis". "Já perdi a conta de quantas vezes tive que correr para o abrigo antiaéreo quando soaram os alarmes, pelo menos 30 vezes, tanto em casa como no trabalho, tanto de dia como de noite", relata. Desde o inicio dos confrontos, grupos palestinos - Hamas, Jihad Islâmico, Comitês de Resistência Popular e facções salafistas - lançaram cerca de 650 foguetes contra cidades israelenses, atingindo principalmente o sul do país. Ashkelon, que fica perto da Faixa de Gaza, é uma das cidades mais afetadas pelo clima de tensão. Os filhos de Mandelbaum moram no norte de Israel, em regiões "mais seguras" e ele mora em um apartamento junto com a mulher. O casal possui o chamado "espaço protegido" no próprio apartamento. Desde a Guerra do Golfo, em 1991, a lei em Israel obriga a construção de um quarto reforçado contra ataques dentro de cada apartamento. Esses quartos têm paredes mais resistentes e janelas de ferro. "Terroristas" Mandelbaum, que se mudou para Israel há 10 anos, já passou por uma experiência parecida durante a ofensiva israelense à Faixa de Gaza, de dezembro de 2008 a janeiro de 2009. "Mas agora o número de foguetes que estão sendo lançados contra nossa cidade é muito maior", diz. "Gostaria que houvesse paz, mas infelizmente os terroristas estão querendo liquidar com o Estado de Israel e não temos com quem negociar", afirma. "Essa situação faz meu estado de espirito ficar muito ruim. Tudo que quero é viver em paz", diz. Para com Mandelbaum, a operação militar de Israel na Faixa de Gaza não vai "resolver" o problema. "Mas eles (os grupos armados palestinos) estão cada vez mais armados, agora já têm até misseis que podem alcançar Tel-Aviv e Jerusalém, e de quando em quando é necessário destruir esse arsenal todo", observa. "Tudo isso é muito triste, porque morre muita gente inocente, a maioria do povo (palestino) é gente inocente, que não tem nada a ver com isso", diz. Até a manhã deste sábado, os ataques já haviam deixado ao menos 39 mortos do lado palestino e 3 mortos do lado israelense. Tanto o governo israelense como a liderança do Hamas afirmam que os confrontos ainda estão "longe do fim".

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