Brasileiros invadem Nova Orleans para reconstrução

Desde janeiro consulado do País na cidade já recebeu mais ligações do que em três anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Brasileiros que moram nos Estados Unidos estão migrando para o sul do país para trabalhar na reconstrução de Nova Orleans. Aberto há três anos, o Consulado Honorário do Brasil no Estado da Louisiana, em Nova Orleans, informou que, antes do Katrina, costumava receber apenas quatro telefonemas de brasileiros por semana pedindo informações a respeito de condições de trabalho na cidade. Atualmente, o consulado recebe entre oito e dez ligações por dia. "Eu recebi mais telefonemas de cidadãos brasileiros todos os dias desde janeiro e fevereiro do que durante todos os três anos anteriores em que fui o cônsul-honorário", disse o consul-honorário do Brasil na cidade, o americano David Schulingkamp. A comunidade brasileira na cidade se resumia a algumas centenas antes do Katrina. Schulingkamp afirma que não há como saber exatamente quantos vivem na cidade atualmente, mas que eles podem ser "vários milhares". "Não chega perto da população de mexicanos. Sabemos apenas que, em relação a outros grupos de imigrantes que chegam aqui para trabalhar, é relativamente menor. Mas muito maior do que em qualquer outro período na história da cidade", disse. "Nosso consulado não tem jurisdição a respeito da questão de vistos ou sobre questões formais, somos um consulado honorário. Infelizmente temos que relatar tudo para (o consulado em) Houston. Mas sei que o consulado lá tem passado muito tempo tentando resolver as questões?, afirmou. Habitação Antonio de Souza mora nos Estados Unidos há 18 anos, e chegou à região da Louisiana há 12. Atualmente ele tem uma empresa de construção. O construtor relata que o número de brasileiros que chegou a Nova Orleans depois do Katrina é tão alto que a cidade não tem onde acomodar tanta gente. "Eu já abriguei, no apartamento pequeno que aluguei, de três quartos, de 16 a 19 pessoas. Agora estamos com 11 pessoas. O problema aqui é lugar para morar. As pessoas moram em trailer, dormem em carros." Souza conta que os brasileiros fazem todos os tipos de trabalho, desde a demolição das casas atingidas pela enchente até a construção de novas casas a partir de sua base original, trabalhando em toda a cidade e na área metropolitana de Nova Orleans. Edmar de Oliveira trabalha no setor de construção em Nova Orleans dede 1998 e afirma que nunca viu tantos brasileiros na cidade. "O maior problema aqui é mesmo para alugar apartamentos. Eles pedem os documentos e acho que a maioria dos brasileiros que estão vindo não têm documentos. Então, em alguns apartamentos aqui tem até dez pessoas morando porque ninguém consegue alugar?, disse. Oliveira também afirma que a destruição causada pelo Katrina aumentou o preço do aluguel. O que custava cerca de US$ 600 por mês agora custa em torno de US$ 1,6 mil. O cônsul-honorário do Brasil na cidade, David Schulingkamp, afirma que há uma grande dificuldade no setor de moradia na cidade. Mas acrescenta que Nova Orleans está "voltando". "Não acho que esta cidade vai voltar ao que era antes (do Katrina). Na minha experiência não há precedentes para isto. Existem áreas da cidade que levarão anos e anos para serem reconstruídas." Supermercado Sandra Blyston vive em Nova Orleans há 11 anos e, quando o Katrina atingiu a cidade ela trabalhava em uma pizzaria cujos donos eram brasileiros. Ela afirma que a quantidade de brasileiros que chegou a cidade foi surpreendente, mas que todos estão trabalhando muito. "A reconstrução depois de uma tragédia é muito difícil. Estou muito orgulhosa dos ´meus´ brasileiros aqui por eles estarem trabalhando. E eles estão trabalhando muito", afirma. Edmar de Oliveira afirma que depois da "invasão brasileira", ficou até mais fácil achar produtos do Brasil em Nova Orleans. "Antes, se alguém queria comprar produtos do Brasil, tinha que ir até a Flórida. Agora tem supermercado e até salão de cabelereira." include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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