Brasileiros não estão saindo de NY, diz cônsul

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Por Agencia Estado
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O cônsul-geral do Brasil em Nova York, Flávio Perri, negou hoje que brasileiros estejam ansiosos para sair da cidade norte-americana. "Não há corrida de imigrantes deixando Nova York", afirmou o cônsul. O maior argumento dele é o cancelamento de vôos de Nova York para o Brasil, pelas empresas United, Continental e American Airlines, por falta de passageiros. "Que êxodo é esse?", indagou Perri, rebatendo notícias veiculadas pela imprensa brasileira. Além disso, segundo o embaixador, o movimento no setor de passaportes da representação diplomática tem ficado na média registrada antes do ataque terrorista ao World Trade Center, no dia 11. Apesar de a chancelaria brasileira em Nova York não registrar pânico entre os imigrantes, há casos isolados de brasileiros que desistiram do "sonho americano" e estão preparando as malas para voltar. É o que está fazendo o mineiro Rafael Almeida, de 19 anos, que trabalhava como engraxate na área do WTC havia pouco mais de um ano. Ele escapou ileso, mas está com medo. "Ainda tenho umas coisas pendentes por aqui, mas vou voltar dentro de, no máximo, um mês e meio", prevê Almeida. "Tenho medo de novas ações terroristas e não confio na segurança dos norte-americanos, pois mesmo tendo os melhores caças do mundo eles deixaram acontecer o ataque aqui em Nova York e em Washington." Segundo o cônsul, porém, há brasileiros que estão contentes nos Estados Unidos. Desde sábado, Perri tem percorrido áreas comerciais de Queens, em Nova York, e da cidade de Newark, no Estado vizinho de Nova Jersey, onde está a maior concentração de imigrantes vindos do Brasil. "Falei com centenas de pessoas e nenhuma disse que vai voltar para o Brasil ou que conhece brasileiros que poderiam ter morrido." Em reunião no começo da semana com membros do Conselho da Comunidade Brasileira, o embaixador ouviu que o maior desafio é acalmar, no Brasil, os parentes de imigrantes, que estão preocupados com uma guerra nos EUA. As famílias, segundo ele, devem ser tranqüilizadas. "Os brasileiros que vivem aqui estão calmos, seguros e trabalhando." É assim que se sente Ana Maria de Azevedo, carioca de 46 anos, que vive na cidade há 11, reside no Queens e é faxineira em Manhattan. "Todo mundo fala em guerra, mas tenho fé que não vai acontecer mais nada por aqui", disse Ana. "Há muita segurança em todo o país e só vou voltar para o Brasil se, por acaso, houver uma onda de atentados."

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