DUBLIN - Leo Varadkar, primeiro-ministro da Irlanda, disse neste sábado, 3, em um programa de rádio que a saída do Reino Unido da União Europeia ameaça o Acordo da Sexta-Feira Santa, de 1998, que encerrou três décadas de violência entre nacionalistas e unionistas sobre o status político da Irlanda do Norte. “Qualquer coisa que separe as comunidades na Irlanda do Norte ameaça o Acordo de Sexta-Feira Santa. E qualquer coisa que separe a Grã-Bretanha da Irlanda ameaça nossa relação”, disse o premiê.
A questão irlandesa é um dos maiores entraves para o acordo sobre o Brexit. Durante o período em que os britânicos foram parte da UE, a fronteira física entre as duas Irlandas desapareceu, facilitando um pacto de paz entre os nacionalistas, a maioria católicos que defendem a unificação da ilha, e os unionistas, majoritariamente protestantes que preferem fazer parte do Reino Unido.
Com o Brexit, o Reino Unido deixaria de fazer parte da UE e refazer o controle aduaneiro entre as Irlandas. O problema é que o governo da premiê britânica, Theresa May, é sustentado por uma coalizão que precisa dos 10 deputados norte-irlandeses do Partido Unionista Democrático (DUP), que não aceitam viver em um regime legal diferente de Londres – o que significaria, na prática, a unificação da Irlanda.
Varadkar garantiu ter uma boa relação com Arlene Foster, líder do DUP, mas disse que ela precisa chegar a um acordo político com o Sinn Féin, grupo nacionalista, para que seja restaurada a divisão de poderes entre os dois partidos.
A Irlanda do Norte está sem governo desde janeiro de 2017, quando DUP e Sinn Féin romperam em razão de um escândalo de corrupção envolvendo Foster, o que prejudica o repasse de recursos e a administração do território. / REUTERS