EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Brexit complica extradição de Assange

Enquanto o Reino Unido estiver na UE, os suecos podem submeter o australiano a um mandado de prisão europeu, mas se o país sair do bloco, situação não está definida no acordo de divórcio

PUBLICIDADE

Por Helio Gurovitz
Atualização:

A indefinição sobre o Brexit complica a extradição de Julian Assange, diz o jurista Steve Peers, da Universidade de Essex. Se o julgamento do caso se estender, Assange poderá cair num limbo jurídico, criado pela competição entre duas demandas distintas de extradição e pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

O crime de Assange prescreve na Suécia em agosto de 2020 Foto: Kirsty Wigglesworth / AP

PUBLICIDADE

A primeira dúvida diz respeito ao que fará a Suécia (onde Assange é acusado de crimes sexuais). Enquanto não tinha como sair da Embaixada do Equador, os suecos desistiram da extradição, inviável. Agora, podem ressuscitá-la. Ele teria, então, de responder aos pedidos da Suécia, dos EUA (onde é acusado de crimes digitais) e a acusações no próprio Reino Unido (onde fugiu da Justiça).

Enquanto o Reino Unido estiver na UE, os suecos podem submeter Assange a um mandado de prisão europeu. É um procedimento rápido, que as autoridades britânicas teriam de cumprir mesmo após o Brexit. Mas, se a saída da UE ocorrer com algum recurso pendente contra o mandado, a situação não está definida no acordo de divórcio firmado entre britânicos e europeus (ainda não aprovado).

O crime de Assange prescreve na Suécia em agosto de 2020. “É um incentivo para ele recorrer contra qualquer mandado sueco até que o tempo se esgote”, diz Peers. Se o Reino Unido sair da UE sem acordo, ninguém sabe o que acontece aos mandados de prisão pendentes. Provavelmente, a Suécia teria de entrar com outro pedido de extradição, semelhante ao americano. Os dois pedidos competiriam, em tribunais desorientados pelo Brexit.

Interesses opostos

Publicidade

Eleição israelense revela polarização na sociedade

O resultado da eleição em Israel demonstra um país dividido em dois polos. Um é urbano, cosmopolita, secular, tecnológico, quase europeu – e votou sobretudo no partido Azul e Branco, do oposicionista Benny Gantz. O outro é religioso, operário, vive em aldeias menores ou colônias na Cisjordânia, tem raízes no próprio Oriente Médio – e votou predominantemente no vitorioso Likud, do premiê Bibi Netanyahu. A tabela mostra a votação dos dois partidos em cidades que representam tais polos.

Em baixa

Tabloide que chantageou Bezos está à venda

O National Enquirer, tabloide envolvido na compra do silêncio de amantes de Donald Trump durante a campanha eleitoral, está à venda, noticiou o Washington Post. A péssima repercussão da chantagem contra o bilionário Jeff Bezos, estopim do divórcio do dono do Post, não é o único problema. Desde 2014, a circulação caiu de 516 mil cópias para 218 mil. As dívidas da empresa que controla o Enquirer são estimadas em US$ 400 milhões.

Publicidade

Senhor mistério

Por que filhos de Trump deixaram crescer a barba?

Trump nunca gostou de barbas, nem pelos no rosto. Os bigodes vastos pesaram até contra a escolha do conselheiro de segurança nacional, John Bolton. Pois, este ano, os dois filhos mais velhos de Trump, Don Jr. e Eric, deixaram crescer a barba, ninguém sabe por quê.

Poder do dinheiro

Influência de americanos conservadores na Europa

Publicidade

Entre 2008 e 2017, 14 grupos conservadores cristãos gastaram US$ 51,7 milhões para financiar a atividade de entidades e políticos europeus, revela um levantamento da OpenDemocracy. Parte do dinheiro foi para campanhas contra direitos gays, o aborto e a educação sexual. Diversos grupos, diz o levantamento, integram a rede Congresso Mundial de Famílias, que tem “elos com movimentos de extrema direita em países como Itália, Hungria, Polônia, Espanha e Sérvia”.

Sem espaço

Faltam trajes espaciais para mulheres

Aos 29 anos, a computóloga Katie Bouman, do MIT, conquistou o mundo com o algoritmo que transformou dados de oito radiotelescópios na primeira imagem de um buraco negro. Mas a astronomia continua inóspita para mulheres. Mesmo que já haja maior equilíbrio nas equipes de astronautas, a falta de equipamento adequado levou ao cancelamento de uma caminhada espacial feminina em 25 de março. Na última hora, a astronauta Anne McClain pediu para ser substituída, pois só havia um único traje espacial de tamanho médio, usado pela colega Christina Koch.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.