PUBLICIDADE

Brexit uniu partidos 

Legendas que defendiam a saída do Reino Unido da UE conseguiram uma aliança contra uma oposição dividida

Por The Economist
Atualização:

O segredo de seu sucesso está no simples slogan: Conclua o Brexit. Após três anos e meio desse argumento desde que os britânicos votaram pela saída da União Europeia, a promessa de conclusão pareceu sedutora. Ela também se mostrou taticamente astuta, foi usada por Boris Johnson para unir os apoiadores do Brexit em torno do Partido Conservador.

O principal momento da campanha foi quando Nigel Farage, líder do Partido do Brexit, decidiu não apresentar candidatos para disputar cadeiras com os conservadores. Isso indicou a muitos defensores do Brexit que eles deveriam votar nos candidatos conservadores. 

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fala ao Parlamento Foto: HO / PRU / AFP

PUBLICIDADE

Em contraste, os eleitores anti-Brexit ficaram divididos entre os trabalhistas e os liberal-democratas. Jo Swinson, a líder do Partido Liberal-Democrata, que pediu eleições antecipadas, fez uma campanha muito pobre. As pesquisas mostraram uma queda dos liberais, que devem obter menos cadeiras no Parlamento do que tinham. Muitos de seus potenciais eleitores, que queriam impedir uma vitória dos conservadores que levarão o Brexit adiante, parecem ter votado no Partido Trabalhista.

Se as pesquisas de boca de urna estiverem corretas, os trabalhistas podem ter obtido um resultado excepcionalmente ruim, perdendo cadeiras na região central e no norte para os conservadores e registrando seu menor número de assentos no Parlamento desde a guerra. Essa mudança tem muito a ver com o Brexit já que essas regiões votaram amplamente pela saída da UE em 2016. Mas também reflete uma grande insatisfação entre os eleitores trabalhistas com seu líder, Jeremy Corbyn, que é amplamente visto como um esquerdista metropolitano, fora dos padrões da tradicional base do partido. 

Apesar de Johnson estar se encaminhando para uma grande vitória, seu partido pode ter perdido algumas cadeiras em Londres e no sul, principalmente por causa dos conservadores moderados que defendem a permanência e desertaram para o Partido Liberal-Democrata ou o Trabalhista. A pesquisa também indica que os conservadores perderam terreno na Escócia para o Partido Nacional Escocês. Mas essas perdas dos conservadores não tiveram muita relevância, comparando-se os votos obtidos dos trabalhistas pró-Brexit nas várias outras partes do Reino Unido. 

As divisões do eleitorado também se tornaram mais profundas. Os eleitores mais velhos agora são em sua maioria conservadores e os jovens votaram em peso nos trabalhistas. Aparentemente, mais mulheres votaram nos trabalhistas do que os homens. As divisões entre classes e nível educacional mudaram. No passado, a classe média e os eleitores com curso superior preferiam os conservadores, mas agora uma grande parte votou nos trabalhistas. Os conservadores, por sua vez, atraíram mais eleitores da classe operária do que nunca.

© 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.