Brown oferece pacote contra terrorismo para Paquistão

Premiê acusa grupo paquistanês por atentados na Índia e tenta reduzir tensão entre vizinhos

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Por AP , Reuters e Islamabad
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O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou ontem a criação de um pacto com o Paquistão para ajudar o país na luta contra o terrorismo. Em visita à região, Brown tentou reduzir a tensão entre o governo paquistanês e o indiano, provocada pelos ataques terroristas de Mumbai (ex-Bombaim) no fim do mês passado. No entanto, o premiê britânico culpou o grupo Lashkar-i-Taiba (Exército dos Puros) pelos atentados na capital financeira da Índia. "Nós sabemos que o grupo responsável é o Lashkar-i-Taiba e eles terão de responder por muitas coisas", afirmou Brown que, antes de chegar a Islamabad, passou por Nova Délhi. Lá, ele se reuniu com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e também ofereceu ajuda para aumentar a segurança e o combate ao terrorismo. "Eu disse ao premiê Singh que daremos toda ajuda possível", afirmou Brown. "Vamos trabalhar juntos para tentar resolver o terrorismo e trabalharemos lado a lado na questão da segurança." Segundo Brown, três quartos dos mais sérios planos de atentados terroristas investigados na Grã-Bretanha atualmente têm ligações com a rede Al-Qaeda no Paquistão. Após se reunir com o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, o premiê britânico ofereceu uma ajuda de US$ 8,9 milhões para o Paquistão combater a radicalização por meio da educação. "Essa é a hora de agir e não apenas falar e eu quero ajudar o Paquistão e outros países a acabar com o terrorismo", disse Brown. Ele afirmou que as medidas propostas ajudariam a "quebrar as correntes do terror que ligam as montanhas do Afeganistão e do Paquistão às ruas da Grã-Bretanha". O premiê ainda afirmou que pediu permissão a Singh e Zardari para que a polícia britânica possa interrogar os suspeitos dos atentados de Mumbai que foram presos nos dois países. "Acredito que todos nós temos interesse em descobrir o que está por trás dos abusos que ocorreram em Mumbai", disse Brown. Uma grande parte da população da Grã-Bretanha é de origem paquistanesa e as forças de segurança britânicas temem que comunidades muçulmanas no país sirvam como locais de recrutamento para militantes islâmicos. BUSCA DE DIÁLOGO Ontem, o Paquistão e a Índia conversaram sobre melhorar suas relações e as duas potências nucleares pareciam procurar um caminho longe da confrontação para solucionar suas desavenças. Zardari reduziu ontem a importância de uma suposta incursão de aeronaves indianas no espaço aéreo do Paquistão no sábado. Singh, por sua vez, disse que espera que as relações com o vizinho se normalizem. Mas o premiê indiano ressaltou que a tensão com Islamabad só melhorará quando o governo paquistanês "deixar de permitir a utilização de seu território como base de ataques terroristas contra a Índia". No sábado, Islamabad afirmou que aviões indianos violaram o espaço aéreo paquistanês em duas regiões - uma perto da Caxemira e outra nas proximidades de Lahore, na província paquistanesa do Punjab. As duas áreas têm grande presença do Lashkar-i-Taiba, que continua negando ter envolvimento com os ataques que deixaram cerca de 180 mortos em Mumbai. Apesar das acusações de Islamabad, a Força Aérea da Índia negou que suas aeronaves tenham cruzado a fronteira com o Paquistão.

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