Búlgara será a primeira mulher a chefiar a Unesco

Irina Bokova foi eleita para a diretoria-geral, vencendo um polêmico candidato egípcio.

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Por Daniela Fernandes
Atualização:

A búlgara Irina Bokova foi eleita nesta terça-feira para ser a primeira diretora-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), vencendo o polêmico candidato egípcio, Farouk Hosni, acusado de declarações antissemitas. Bokova, embaixadora da Bulgária na França e também na Unesco, foi eleita no quinto e último turno da votação, que começou na quinta-feira passada, por 31 votos contra 27 para Hosni, ministro egípcio da Cultura. A eleição do diretor-geral cabe ao comitê executivo da Unesco, formado por 58 países da organização, entre eles o Brasil - que apoiava a candidatura de Hosni. Bokova vai substituir o japonês Koichiro Matsuura e será a primeira mulher a dirigir a organização. Seu nome ainda deve ser aprovado, por voto secreto, na Assembleia Geral da Unesco, em outubro, que terá a participação dos 193 países da organização. Na prática, porém, a Assembleia Geral ratifica a escolha do comitê executivo. Brasil O Brasil havia decidido não apresentar a candidatura do engenheiro brasileiro Márcio Barbosa, atual número dois da Unesco, para dar mais peso à candidatura do egípcio. Em maio, o chanceler Celso Amorim havia declarado que a decisão de apoiar Hosni se devia "à forte política de aproximação do Brasil com o mundo árabe". Apesar de suas declarações polêmicas, como a de que "ele próprio queimaria livros em hebreu" que encontrasse em bibliotecas do Egito, Hosni era considerado o favorito nessa eleição, que começou sendo disputada por nove candidatos. No quarto turno, realizado na segunda-feira, apenas a búlgara e o egípcio ainda disputavam a eleição. Houve empate entre os dois candidatos. Além do Brasil, Hosni tinha o apoio de países europeus e dos Estados Unidos, que acreditavam que essa seria uma maneira de reforçar o papel de mediador do Egito nas negociações de paz no Oriente Médio. Hosni havia dito "lamentar" as declarações sobre queimar livros, afirmando que elas foram tiradas de seu contexto, e desmentiu ser antissemita. O ministro egípcio, no entanto, chegou a declarar que a cultura judaica é "desumana, racista e pretenciosa". Mas seu favoritismo começou a perder força nas últimas semanas. Intelectuais e várias associações judaicas, sobretudo na França, denunciaram o fato de que o egípcio, acusado também de praticar a censura em seu país, pudesse dirigir a organização da ONU voltada para a educação, a ciência e a cultura. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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