Búlgaros pedem que Líbia reveja decisão sobre condenação

Cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestino foram condenados nesta terça-feira por terem infectados mais de 400 crianças líbias com o vírus da Aids

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Por Agencia Estado
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A decisão do tribunal líbio de condenar cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestino à morte por ter infectado centenas de crianças com o vírus da Aids, repercutiu na Europa. Nesta terça-feira, o comissário europeu de Liberdade, Segurança e Justiça, Franco Frattini; o presidente da Bulgária, Georgi Parvanov; e o ministro de Assuntos Exteriores da França, Philippe Douste-Blazy, já declararam sua indignação em relação à sentença. Franco Frattini, pediu às "autoridades líbias" que revejam a condenação à morte ditada contra cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestino, e alertou que a pena pode obstaculizar a cooperação entre a União Européia (UE) e a Líbia. Em declarações aos jornalistas, o comissário expressou sua "grande decepção" e se declarou "consternado" com a decisão Judicial. "Espero firmemente que, de alguma maneira, as autoridades líbias possam repensar esta decisão. Pergunto-me se há uma possibilidade concreta de anular a decisão tomada pela corte", disse. Frattini lembrou que a Bulgária, país de origem das cinco enfermeiras, será Estado-membro do bloco europeu a partir do próximo dia 1º, e acrescentou que a decisão da Justiça líbia representa "uma mensagem negativa para a UE" e "um gesto perigoso". "Essa é a razão pela qual espero firmemente que as autoridades líbias reflitam sobre esta situação o mais rápido possível", apontou. "Se não o fizerem, francamente, será um obstáculo para nossa cooperação", acrescentou. Questionado se a sentença poderia obstaculizar a incipiente cooperação entre UE e Líbia em matéria migratória, Frattini disse que as possíveis medidas de reação devem ser adotadas pelos ministros de Justiça e Interior do bloco. O presidente Búlgaro disse que o país "condena categoricamente as sentenças à morte ditadas", em uma declaração conjunta com o primeiro-ministro, Sergey Stanishev, transmitida pela Rádio Nacional da Bulgária. "Mais uma vez, não foram levadas em consideração as provas irrefutáveis sobre a inocência de nossos trabalhadores de saúde e foi menosprezada a posição da comunidade científica internacional sobre as causas da epidemia de Aids em Benghazi (localidade onde fica o hospital onde as 400 crianças passaram)", disse o presidente. Parvanov exortou as autoridades líbias "a intervir imediatamente e, em nome da Justiça, revisar estas penas absurdas e pôr em liberdade os trabalhadores de saúde búlgaros e o médico palestino". O presidente também chamou a comunidade internacional a "condenar categoricamente a decisão do tribunal e a insistir perante as autoridades líbias na libertação dos trabalhadores de saúde". França Philippe Douste-Blazy, ministro francês, pediu à Líbia que tenha "clemência" com as cinco enfermeiras búlgaras e com o médico palestino. "A França condena este veredicto" e "pede clemência" às autoridades líbias, declarou Douste-Blazy à imprensa em Paris. O ministro lembrou que a França e a União Européia se opõe fortemente à pena de morte. Em Paris, o advogado de um dos condenados, Emmanuel Altit, afirmou que a condenação dos seis "não foi justa nem eqüitativa", já que "todos os elementos que provavam a inocência das enfermeiras não foram levados em conta". A defesa das enfermeiras búlgaras e o do médico palestino anunciaram que iriam recorrer da sentença ditada.

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