Bush admite não estar satisfeito com progresso no Iraque

Presidente discutiu crise iraquiana com líder de grupo xiita

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Por Agencia Estado
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reconheceu nesta segunda-feira, diante de Abdulaziz al-Hakim, líder do grupo xiita "Assembléia Suprema para a Revolução Islâmica" (ASRI), que não está satisfeito com o ritmo de progresso no Iraque. Bush e Hakim se reuniram nesta segunda durante pouco mais de uma hora na Casa Branca para analisar a grave situação no Iraque, no que parece ser uma tentativa da administração dos EUA de buscar uma saída à escalada de violência naquele país. A importância do encontro passa pelo fato de Hakim apoiar o governo do primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki e de ser alguém de interesse para Washington levando em conta, entre outros motivos, que o líder do ASRI tem vínculos com o vizinho Irã, já que passou várias décadas no exílio em Teerã. Em declarações realizadas após o encontro, Hakim disse que a situação em seu país "será resolvida pelos próprios iraquianos com a ajuda de seus amigos. O Iraque deveria estar em posição de resolver os problemas iraquianos". Hakim disse "rejeitar" qualquer esforço "regional ou internacional" para resolver os problemas de Bagdá. Bush afirmou que teve "uma conversa muito construtiva" com Hakim, na qual assegurou que os EUA "apóiam seu trabalho e o do primeiro-ministro (Nouri al-Maliki), para unificar o país". "Parte da tentativa de unificar o país é para que os líderes eleitos e a sociedade rejeitem os extremistas e os assassinos", disse o presidente dos EUA. Após o fim da reunião, Bush também afirmou que conversaram sobre a necessidade de dar o quanto antes ao Governo iraquiano maior capacidade para realizar aquilo que os iraquianos querem, que é proteger seu país dos "extremistas e dos assassinos". "Disse que estava orgulhoso da coragem dos iraquianos e que não estamos satisfeitos com o ritmo do progresso no Iraque. Queremos trabalhar com o Governo soberano do Iraque", afirmou Bush. A reunião com Hakim acontece dois dias antes de o Grupo de Estudo sobre o Iraque, uma comissão independente bipartidária, entregar a Bush sua proposta para uma nova estratégia dos EUA no país árabe. Na semana passada, os jornais The New York Times e The Washington Post adiantaram algumas das conclusões que esta comissão apresentará a Bush, que também receberá uma sessão informativa por parte de alguns de seus membros. Entre as propostas, está a retirada gradual das tropas. Bush destacou que os objetivos dos líderes é conseguir um país livre "que possa governar-se e defender-se. Um país que sirva de aliado na luta contra os extremistas, os radicais e os terroristas". Hakim, por sua vez, assinalou que a situação no Iraque "esteve sujeita a muitas mentiras e a imagem verdadeira não está sendo apresentada para, desta forma, poder ser mostrado um lado obscuro do que acontece no Iraque". O líder xiita disse que há alguns que procuram "mostrar as lutas sectárias, em uma tentativa de debilitar a posição do Iraque". No mesmo sentido, o embaixador dos EUA no Iraque, Zalmay Khalilzad, e o chefe das tropas daquele país no país do Oriente Médio, general George Casey, "imploraram" aos iraquianos que não se tornem "marionetes daqueles que buscam destruí-los e destruir o seu país". Antes de seu encontro com Bush, Hakim se reuniu com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, com quem disse ter mantido um diálogo "franco" sobre temas de segurança.

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