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Bush alterou trabalho da CIA para justificar invasão

Por Agencia Estado
Atualização:

Um ex-alto funcionário da CIA Paul R. Pillar sustenta, em artigo publicado hoje pela prestigiada revista Foreign Affairs, que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, forçou uma interpretação do trabalho de seus próprios serviços secretos para justificar a invasão do Iraque em 2003. Pillar, que foi o responsável da CIA encarregado do Oriente Médio e do sul da Ásia entre 2000 e 2005, denuncia no artigo que a informação dos serviços secretos não foi levada em conta na decisão de invadir o Iraque, mas foi selecionada para justificar a guerra. "A informação dos serviços secretos foi mal utilizada publicamente para justificar decisões que já tinham sido tomadas", garante Pillar em seu artigo. No artigo ele relata que as informações sobre os programas armamentistas iraquianos eram defeituosas, mas mesmo assim não levaram à guerra. Ele acrescentou que foi criada uma má vontade entre o Governo e os responsáveis dos serviços secretos, e o próprio trabalho dos serviços de inteligência foi politizado. "O Governo dos EUA entrou na guerra sem solicitar, e pelo visto sem sofrer influência de qualquer avaliação em nível estratégico sobre qualquer aspecto do Iraque". A Administração de Bush pediu repetidamente à comunidade da inteligência (os serviços secretos) para descobrir mais informações que contribuíssem para os argumentos a favor de uma guerra, incluindo o suposto vínculo entre Saddam Hussein e a Al-Qaeda. "Satisfazer o apetite voraz da Administração por material sobre a relação entre Saddam e a Al-Qaeda ocupou uma quantidade enorme de tempo e esforço", concluiu. Pillar foi considerado o principal analista da CIA sobre terrorismo até sua aposentadoria há um ano, após 28 anos de serviço. No final de sua carreira, ele era responsável pela coordenação das avaliações sobre o Iraque realizadas por todas as 15 agências da espionagem americana.

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