Bush anuncia envio da Guarda Nacional para fronteira com o México

A proposta de Bush combina um endurecimento da segurança na fronteira, atendendo aos conservadores do Partido Republicano - que reivindicam medidas taxativas -, com um programa de trabalhadores temporários

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dentro do plano anunciado na noite de segunda-feira pelo presidente George W. Bush, até 6 mil soldados da Guarda Nacional dos EUA vão servir na fronteira com o México. Bush admitiu em seu discurso que as autoridades não controlam totalmente a área. Foi a primeira vez que o presidente usou o Salão Oval para falar à nação sobre o tema da imigração. Durante 17 minutos, ele expôs uma estratégia de cinco pontos para criar um sistema "seguro, ordenado e justo" e resolver "os problemas criados pela imigração ilegal". A proposta de Bush combina um endurecimento da segurança na fronteira, atendendo aos conservadores do Partido Republicano - que reivindicam medidas taxativas -, com um programa de trabalhadores temporários. O presidente americano reconheceu que é preciso encontrar uma solução para os cerca de cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA. O primeiro aspecto, disse, é "garantir a fronteira". "Ainda não temos um controle completo da fronteira e estou decidido a mudar isso", assegurou Bush. Para isso, o presidente pediu mais fundos ao Congresso. Os parlamentares negociam um fundo de urgência de US$ 1,9 bilhão para promover "uma melhora drástica na dotação de pessoal e de tecnologia" na fronteira, disse. O objetivo é aumentar em 6 mil agentes até 2008 o efetivo da Patrulha de Fronteira, órgão encarregado da vigilância na área. Enquanto os novos patrulheiros são preparados, será deslocado para a fronteira o mesmo número de soldados da Guarda Nacional, por um período máximo de dois anos. Bush nega militarização De acordo com a Casa Branca, no segundo ano o número de soldados da Guarda Nacional nas fronteiras vai cair para 3 mil. Tanto o presidente em seu discurso quanto funcionários da Casa Branca em entrevista coletiva insistiram que não se trata de uma "militarização da fronteira", como teme o México. "O México é um país vizinho e amigo. Vamos continuar cooperando para melhorar a segurança dos dois lados", insistiu o presidente americano. Com o mesmo objetivo, Bush acrescentou que os soldados terão como missão auxiliar a Patrulha de Fronteira no uso de sistemas de vigilância, análise de inteligência, instalação de barreiras, construção de estradas para patrulhas e treinamento. As tarefas de detenção, porém, continuarão inteiramente sob responsabilidade da Patrulha de Fronteira, afirmou o presidente. Além de reforçar a segurança, Bush reconheceu que é necessário resolver a situação da população não documentada nos EUA. A deportação em massa, disse, "não é sensata nem realista", mas a anistia generalizada também não. Quem estiver no país já há algum tempo poderá optar por uma via rumo à cidadania, segundo o plano do presidente. Mas ele alertou que a concessão não será automática. Os candidatos terão que pagar uma multa, impostos, demonstrar que mantêm um trabalho há anos e aprender inglês. Os imigrantes mais recentes e os que quiserem entrar nos EUA agora poderão aderir a outro ponto do plano, um programa de trabalhadores temporários. Como Bush já havia dito em outras ocasiões, a idéia é responder às demandas do mercado de trabalho e ajudar os imigrantes. Segundo a Casa Branca, Bush planejava o discurso há cerca de um mês. A data foi escolhida para coincidir com a reabertura do debate no Senado sobre a reforma migratória. A proposta de lei que o Senado está discutindo apresenta muitos pontos em comum com o plano exposto por Bush. Ela combina o endurecimento da segurança com um programa de trabalhadores temporários e a regularização de parte dos imigrantes clandestinos. A medida aprovada pelo o Senado terá que ser harmonizada com a aprovada pela Câmara de Representantes, em dezembro, que se concentra no endurecimento das normas, sem regularização para os ilegais. A oposição reagiu à proposta de Bush com ceticismo. "Devemos proteger nossas fronteiras, mas a militarização é uma resposta desesperada do presidente diante dos fracassos políticos de um Congresso dominado pelos republicanos", opinou a líder democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi. Os cinco pontos básicos 1) Segurança fronteiriça: aumento de 6 mil agentes da Patrulha Fronteiriça até o fim de 2008. Construção de cercas, estradas para patrulhas e barreiras, assim como mais sensores e aviões não tripulados para a vigilância. Envio de 6 mil membros da Guarda Nacional para a fronteira sul, por um máximo de dois anos. Aumento de vagas em centros de detenção de imigrantes ilegais. 2) Programa de Trabalhadores Temporários: cada trabalhador será submetido a um exame sobre antecedentes penais e voltar para casa ao fim da permanência. 3) Responsabilidade dos contratantes: os trabalhadores deverão contar com um cartão de identificação biométrica à prova de falsificação, que possa ser verificada por seus patrões. 4) Solução contra deportações maciças: o imigrante que quiser ficar no país terá que pagar multa por ter violado a lei, pagar seus impostos, aprender inglês e provar ter ocupado um posto de trabalho durante um período mínimo. 5) Reforma integral estipulada pelo Congresso. Deve resolver os problemas de maneira conjunta. O debate terá que se realizar "de maneira racional e respeitosa".

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