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Bush anuncia saída gradual de reforços

5.700 soldados americanos voltarão do Iraque até o Natal e 21.500 até julho, o que deixará as tropas no nível de janeiro

Por Reuters , AP , NYT e Washington
Atualização:

Com o Congresso abertamente cético sobre a política de reforço de tropas no Iraque, o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou oficialmente ontem à noite seu plano de uma retirada gradual e limitada como uma maneira de unir seu país dividido. "Aqueles de nós que acreditam que o sucesso no Iraque é essencial para nossa segurança e aqueles que acreditam que deveríamos trazer nossas tropas para casa têm estado em conflito", disse Bush no discurso televisionado de 15 minutos. "Agora, graças ao sucesso que observamos no Iraque, podemos começar a ver o regresso de soldados para casa", acrescentou, assinalando que o Exército iraquiano tem agora mais condições de "manter os ganhos de segurança" obtidos. Bush anunciou que aceita as recomendações do comandante das tropas americanas no Iraque, general David Petraeus, para a não substituição de 2.200 marines que deixarão o Iraque este mês, o retorno de 5.700 soldados até o Natal e redução, até julho, do total de brigadas dos EUA no país do Golfo de 20 para 15. As cinco brigadas removidas somariam pelo menos 21.500 soldados. Atualmente há mais de 160 mil soldados americanos no Iraque. Bush indicou que mais tropas podem voltar, ressaltando que o ritmo e alcance da retirada dependerá dos avanços militares: "O princípio que guia minhas decisões sobre níveis de tropas no Iraque é: o retorno (ocorrerá) de acordo com o sucesso. Quanto maior sucesso tenhamos, mais soldados poderão voltar para casa." Mas ele também deixou clara sua avaliação de que os EUA devem manter, nos próximos anos, um grande envolvimento com o Iraque, cujo governo "precisa de um relacionamento duradouro" com Washington. Assim, pelo menos dez brigadas devem permanecer no país árabe após o fim do mandato de Bush, em janeiro de 2009. Qualquer decisão sobre novas retiradas provavelmente será adiada até pelo menos março de 2009. Bush discursou horas depois que um aliado-chave dos esforços americanos para estabilizar o Iraque, o xeque sunita Abdul Sattar Abu Risha, foi morto num atentado em Ramadi, na Província de Anbar (ler abaixo). O presidente, que se encontrou com Risha no início deste mês, saudou o xeque no discurso, definindo-o como um homem valente que "ajudou a liderar a revolta contra a Al-Qaeda", o que levou à cooperação entre a população de Anbar e as forças americanas. Bush citou a província como um exemplo de sucesso na luta para estabilizar o Iraque, mas assinalou que o assassinato do xeque mostra que "o inimigo continua ativo e mortífero". E advertiu Irã e Síria: "Deixem de minar os esforços (de estabilização)." REAÇÃO Foi o oitavo pronunciamento do presidente sobre o Iraque (ler quadro ao lado) desde a invasão do país do Golfo, em março de 2003. Pela primeira vez, Bush planeja reduzir tropas, uma mudança radical para um presidente que tem repetidamente desconsiderado o apelo de críticos para trazer os soldados para casa. Mas os críticos afirmaram que Bush apenas anunciou uma redução de tropas que já era prevista desde que ele anunciou o reforço atual, em 10 de janeiro, e isso é insuficiente. "(O discurso) foi bizarro", disse o senador democrata Joseph Biden. "Não há estratégia aqui, é a continuação de uma política fracassada. Trata-se apenas de deixar a guerra para o próximo presidente, não de resolver os problemas." "O que o presidente disse é que daqui a um ano haverá o mesmo número de soldados que havia um ano atrás", afirmou a senadora Hillary Clinton, pré-candidata à presidência. "Isso é muito pouco e muito tarde - e inaceitável para o Congresso e a população, que deixaram claro o desejo de trazer as tropas para casa." DISCURSOS ANTERIORES 19/3/2003 - Bush justifica a guerra: "Não teremos piedade de um regime criminoso que ameaça a paz com armas de destruição em massa" 1/5/2003 - O presidente anuncia o fim do conflito: "A maior parte das operações no Iraque acabou. A transição para a democracia será longa, mas ficaremos no país até nosso trabalho acabar" 13/4/2004 - A violência começa a sair do controle: "Não é uma guerra civil nem uma revolta popular. A maior parte do Iraque está relativamente estável" 18/12/2005 - Bush enfrenta as primeiras pressões pela retirada: "Sairmos seria um ato de negligência, coisa que eu não permitirei" 11/9/2006 - As pressões aumentam: "Eles (os terroristas) não nos deixarão em paz. A segurança dos EUA depende do resultado da batalha nas ruas de Bagdá" 10/1/2007 - Bush começa a ceder: "A situação no Iraque é inaceitável, mas a vitória levará democracia ao mundo árabe" 19/3/2007 - Discurso que marca o quarto ano da guerra: "A luta é difícil, mas pode ser vencida"

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