Bush autorizou CIA a torturar detidos suspeitos

Relatórios classificam afogamentos apenas como ''métodos coercitivos''

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Por WP E EFE
Atualização:

O governo do presidente George W. Bush recomendou, por escrito, que a CIA, agência americana de inteligência, usasse métodos de tortura em interrogatórios contra militantes capturados na chamada guerra ao terror. A informação, revelada ontem pelo jornal Washington Post, tem como base documentos emitidos pela Casa Branca em 2003 e 2004, que autorizam agentes da CIA a simular o afogamento de prisioneiros em bacias d?água. A reportagem informa que os advogados do Departamento de Justiça, desde 2002, já tinham dado o sinal verde para os métodos de interrogatório da CIA, mas a cúpula da agência preocupava-se com o fato de a Casa Branca jamais ter dado uma ordem por escrito a esse respeito. CRÍTICAS O presidente da Comissão de Inteligência do Senado, o democrata Jay Rockefeller, acusou o governo Bush de retardar a divulgação dos documentos que provam o aval do presidente aos métodos de tortura. "Se há documentos da Casa Branca que aprovam o uso de métodos coercitivos, como o afogamento, esses documentos devem ser trazidos ao conhecimento da comissão." As primeiras informações sobre o uso de tortura em interrogatórios surgiram há seis anos. Desde então, o governo americano defende o afogamento como "método coercitivo". Ele é permitido "desde que não cause danos físicos ou psicológicos definitivos". ONGs de defesa dos direitos humanos contestam a definição de tortura adotada pelos EUA. Eles citam documentos internacionais que definem a tortura sem vinculá-la à persistência das seqüelas sobre as vítimas. Como a Casa Branca negou-se a comentar a publicação de documentos reservados, coube ao senador republicano Kit Bond sair em defesa do governo. "Espero que meus colegas resistam à tentação de politizar ainda mais esse tema", disse.

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