Bush cita terrorismo; nações em desenvolvimento falam de pobreza

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Por Agencia Estado
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Depois de dois dias de discussões, membros do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) emitiram neste domingo um comunicado conjunto sobre como combater a cada vez maior ameaça terrorista cruzando as fronteiras sem que seja prejudicado o comércio entre eles. O programa de armas nucleares da Coréia do Norte e as ameaças norte-americanas de guerra contra o Iraque dominaram a cúpula deste fim de semana dos 21 integrantes do grupo, criado em 1989 principalmente para promover o livre comércio entre as economias da bacia do Pacífico. Semanas depois do atentado terrorista a bomba na ilha de Bali, Indonésia, e ocorrendo enquanto terminava em banho de sangue o sequestro de centenas de pessoas por separatistas chechenos num teatro em Moscou, a cúpula da Apec deste ano - como a do ano passado realizada semanas depois dos ataques de 11 de setembro - foi arquitetada para enviar uma mensagem forte e comum sobre como parar o terrorismo sem desacelerar o comércio. Líderes da Apec - entre eles o presidente dos EUA, George W. Bush, e da China, Jiang Zemin, - reuniram-se isoladamente hoje a fim de finalizar a declaração conjunta. Bush foi ao encontro esperando conseguir uma forte condenação do Japão e da Coréia do Sul ao programa de armas nucleares norte-coreano. Mas, depois de um encontro com o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, e o presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, os líderes apenas pediram a Pyongyang para "desmantelar esse programa de forma imediata e verificável". Tóquio adiantou que irá manter conversações com a Coréia do Norte sobre o estabelecimento de relações diplomáticas num encontro na terça-feira na Malásia. Bush também não conseguiu, aparentemente, atrair qualquer membro do Conselho de Segurança da ONU para a proposta de ameaçar o Iraque com a guerra se Bagdá não se desarmar. Enquanto as nações industrializadas davam grande destaque a esses assuntos políticos na reunião da Apec, nações em desenvolvimento reivindicavam mais ajuda, dizendo que o mundo cada vez mais globalizado está fazendo pouco para diminuir o fosso entre ricos e pobres. Para eles, a redução da pobreza é a melhor forma de combater o terrorismo. A presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, pediu um "campo igualitário" no comércio, unindo-se a outros líderes na crítica aos subsídios agrícolas e barreiras comerciais nos Estados Unidos, Japão e na União Européia que têm prejudicado as exportações de países em desenvolvimento. Tais subsídios devem ser o maior obstáculo para se chegar a um acordo global no ano que vem na Organização Mundial do Comércio. Um após o outro, líderes de países em desenvolvimento - e mesmo o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell - disseram que a pobreza é a raiz da ignorância e do ódio que produzem terroristas. Eles consideraram que o livre comércio, junto com esforços para ajudar povos e nações pobres, deve ser a solução. "A globalização tem de ser inclusiva", disse o presidente mexicano Vicente Fox. "A prosperidade tem de ser compartilhada".

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